JOVEM GARIMPEIRO MORTO POR EFECTIVOS DO SIC E PN
Familiares de Damião Hungulo, jovem que se dedicava ao garimpo de ouro, denunciam a morte de seu ente querido, por supostos efectivos dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), numa operação ilegal conjunta, com elementos da PN e seguranças de uma empresa privada de exploração de ouro, na província da Huila.
Leal Mundunde
Damião Hungulo, jovem de 20 anos de idade, no seu dia-a-dia, dedicava-se à exploração artesanal de ouro, no município de Chipindo, província da Huila.
Como de costume, Damião saía de casa logo pela manhã para cumprir a sua tarefa diária, a fim de ajudar no sustento da família, mas no dia 20 de Julho de 2023, a sorte foi diferente.
Enquanto saía com o colega, na zona do garimpo, foram surpreendidos por um grupo de elementos armados afectos ao SIC, Polícia e Seguranças de uma empresa privada, que efectuaram disparos, culminando na morte imediata do cidadão, como contou o companheiro de trabalho aos familiares do malogrado.
Diante desta acção, desconfia-se que os agentes em causa, terão feito esta operação com intuito de se apropriarem dos pertences dos jovens como alegadamente tem ocorrido regularmente com outros cidadãos.
Com o objectivo de não deixarem sinais que facilitasse a descoberta dos autores, o grupo composto por efectivos do SIC, Polícia Nacional, com ajuda de seguranças de uma empresa privada desviaram o corpo em parte incerta.
A família da vítima soube do ocorrido por intermédio do seu colega e amigo, que na data dos factos, enquanto fugia do perigo apercebeu-se do disparo mortal ao companheiro de trabalho.
Para que os restos mortais aparecessem, segundo um dos familiares, por volta das 20 horas tiveram que protestar, tendo tido contacto com o corpo de Damião somente à madrugada do dia 21 de Julho.
A família afirma que as autoridades policiais alegam que o seu familiar teria sido baleado numa propriedade privada, afecto à exploração de ouro, mas testemunhas revelam que não condiz a verdade.
“Ainda que o meu primo terá sido alvejado numa propriedade privada, não há nenhuma razão de ser atingido mortalmente, mesmo que fosse pelo Segurança, pelo facto de estar desarmado e nem apropriar-se de algo”, lamentou João Katombela, primo do falecido que espera responsabilização dos responsáveis do acto.
“Vamos esperar pela utópsia para que se apure o real culpado, mas a família tem informações fidedignas de que os disparos terão vindo de um agente do SIC”, disse João Katombela, denunciando que os efectivos em questão, não tinham naquele dia autorização para efectuar aquela operação.
Pelo que se apurou, neste momento, estão sob custódia da Polícia Nacional, oito agentes envolvidos nesta operação no município do Chipindo, província da Huila, mas a família garante que não teve contacto com os mesmos, por não terem competência para tal.
Diante deste clima de incerteza e tristeza, a família pretende ir até às últimas consequências, até à responsabilização dos culpados pelos disparos, que levou a vida da vítima, deixando um vazio na família.
De salientar que o município de Chipindo é rico em ouro, por isso, vários cidadãos dedicam-se à exploração artesanal deste recurso para a sobrevivência.