Jair Bolsonaro

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Jair Bolsonaro é um capitão da reserva que ingressou na carreira política em 1988. Em 2018, foi eleito presidente do Brasil, mantendo um governo cheio de controvérsias.

Jair Messias Bolsonaro é um ex-militar, capitão da reserva e também um político brasileiro desde o final dos anos 1980. Ingressou na carreira militar na década de 1970, foi paraquedista e alcançou a patente de capitão. Duas polêmicas fizeram com que ele fosse para a reserva.

Bolsonaro iniciou sua vida política como vereador do Rio de Janeiro em 1988. Dois anos depois, foi eleito deputado federal, assumindo sete mandatos na Câmara dos Deputados. Em 2018, concorreu à presidência e venceu as eleições, estabelecendo um governo marcado por controvérsias. Foi o primeiro presidente da Nova República a tentar a reeleição e ser derrotado.

Origem de Jair Bolsonaro

Jair Messias Bolsonaro nasceu no dia 25 de março de 1955, sendo originário, segundo sua certidão de nascimento, da cidade de Campinas, no interior de São Paulo. Existe, no entanto, uma dúvida acerca do seu local de nascimento, uma vez que existem indícios de que ele possa ter nascido em Glicério, também no interior de São Paulo, mas foi registrado em Campinas.

Seus pais se chamavam Perci Geraldo Bolsonaro e Olinda Bonturi, casal que teve no total seis filhos. Ao longo de sua infância, Bolsonaro morou em diferentes cidades, estabelecendo-se durante alguns anos em Eldorado Paulista, cidade do Vale do Ribeira, onde seu pai atuava como dentista prático e administrador de fazendas.”

Carreira militar de Jair Bolsonaro

A carreira militar de Jair Bolsonaro se iniciou na década de 1970 quando ele ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, permanecendo lá por alguns meses antes de entrar na Academia Militar das Agulhas Negras, onde concluiu seus estudos em 1977. Junto do curso de preparação de oficiais, concluiu também um curso de paraquedismo.

Os dois cursos foram realizados no estado do Rio de Janeiro, sendo o das Agulhas Negras em Resende e o de paraquedismo na cidade do Rio de Janeiro. Bolsonaro ainda se graduou em Educação Física pelo Exército e tornou-se mestre em paraquedismo. Atuou como paraquedista nas Forças Armadas.

No Exército, Bolsonaro conseguiu alcançar a patente de capitão mas também acumulou polêmicas. Primeiramente, em setembro de 1986, Jair Bolsonaro teve uma entrevista sua publicada na revista Veja na qual denunciava que a quantidade de militares que abandonavam a carreira era fruto dos supostos baixos salários.

Por conta dessa entrevista, dada sem o consentimento dos seus superiores, ele cometeu uma infração e pegou 15 dias de prisão. Pouco menos de um ano depois, ele foi acusado por uma reportagem de ser o autor de um plano que explodiria bombas em quartéis no Rio de Janeiro.

Esse plano recebeu o nome de Beco sem Saída e tinha como propósito afetar a posição de Leônidas Pires Gonçalves como ministro do Exército e protestar contra os baixos salários dos militares. No caso dos salários, os ataques estavam organizados para acontecer caso o reajuste salarial prometido pelo presidente José Sarney ficasse abaixo de 60%.

Imediatamente foram iniciadas investigações contra Bolsonaro e outro capitão chamado Fábio Passos da Silva. Bolsonaro e Passos negaram o envolvimento com a operação, mas uma sindicância realizada pelo próprio Exército decidiu pela expulsão de Bolsonaro e de Passos das Forças Armadas pelo envolvimento deles na operação.

Havia testemunhas e provas por escrito do envolvimento de Bolsonaro — um croqui (esboço feito à mão) da posição das bombas. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que declarou que as provas eram insuficientes, e os dois capitães não foram afastados. Tempos depois, a Polícia Federal concluiu que o croqui tinha sido mesmo elaborado por Bolsonaro.”

Carreira política de Jair Bolsonaro

As polêmicas em que Bolsonaro se envolveu no Exército deram grande projeção para o seu nome. Com isso, ele foi para a reserva, pois havia sido eleito, em 1988, para o cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Ficou pouco tempo no mandato, pois, em 1990, foi eleito deputado federal.

Tomou posse em fevereiro de 1991, e, já no seu primeiro mandato, viveu um dos acontecimentos mais marcantes da história recente do Brasil: o impeachment do presidente Fernando Collor. Jair Bolsonaro apoiou o impeachment desse presidente, sucedido pelo vice, Itamar Franco, em dezembro de 1992.

Em 1993, Jair Bolsonaro se envolveu em uma polêmica ao defender o retorno de um regime de exceção no Brasil, sob o argumento de que existiam muitas leis atrapalhando o governo e que, no caso de um regime de exceção, seria mais fácil governar, pois era só abolir a lei que estivesse “atrapalhando”. Um deputado da época, Vital Rego, chegou a pedir uma ação penal contra Bolsonaro para a Procuradoria-Geral da República, mas nada foi feito.

Outra declaração marcante de Jair Bolsonaro na década de 1990 foi a defesa que ele fazia da informatização do voto. Em outras palavras, Jair Bolsonaro defendia a criação das urnas eletrônicas, e isso se deu em um evento no Clube Militar em 1993. As urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas em nosso país em 1996 e se consolidaram graças à sua segurança e agilidade na apuração.

A presença de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados foi frequente por mais de duas décadas, sendo deputado de fevereiro de 1991 a janeiro de 2019, quando abandonou o cargo para assumir a presidência. Ao longo desse período, foi eleito por diferentes partidos, a saber:

Partido Democrata Cristão (PDC);

Partido Progressista Reformador (PPR);

Partido Progressista Brasileiro (PPB);

Partido Progressista (PP).

Durante seu último mandato, Bolsonaro migrou para o Partido Social Cristão, o PSC. Entre os anos de 1991 e 2017, Jair Bolsonaro apresentou 171 projetos na Câmara dos Deputados, o que incluía projetos de lei e de lei complementar, propostas de emendas constitucionais, entre outros.

Desse total, apenas dois projetos foram aprovados: um que autorizava uma redução no imposto do IPI para equipamentos de informática e outro projeto que autorizava o uso de fosfoetanolamina para o tratamento de câncer, embora a eficácia desse remédio seja questionada pela comunidade científica por falta de comprovação sobre os seus benefícios.

Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022)

O cenário de radicalização da política brasileira permitiu que Jair Bolsonaro fosse lançado ao debate político para o cargo de presidente da República. Para viabilizar sua candidatura, ele se filiou ao Partido Social Liberal (PSL) e escolheu Hamilton Mourão como seu candidato à vice-presidência.

A candidatura se deu na eleição presidencial de 2018. Com base em uma plataforma liberal, Bolsonaro defendeu propostas como privatização da Petrobras, fusão de ministérios, criação de escolas cívico-militares, acesso facilitado da população às armas, fim das demarcações de terras indígenas e quilombolas, entre outras.

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro foi vítima de um atentado na cidade de Juiz de Fora, quando foi ferido por um golpe de faca. Passou por uma cirurgia, além de ficar alguns dias internado, mas se recuperou bem. O autor do atentado, Adélio Bispo, foi preso, e o inquérito conduzido pela Polícia Federal concluiu, em 2020, que ele agiu por conta própria. Um laudo da Justiça Federal também concluiu que Adélio Bispo possui um transtorno delirante permanente paranoide.

O atentado deu mais força à candidatura de Jair Bolsonaro e ele saiu vitorioso. No primeiro turno, Bolsonaro obteve 46,03% dos votos e venceu o segundo turno da disputa contra Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), obtendo 55,13% dos votos, contra 44,87% de seu opositor. Jair Bolsonaro assumiu a presidência no dia 1º de janeiro de 2019.

Seu governo assumiu valores conservadores e liberais e ficou marcado por uma série de polêmicas. Bolsonaro teve de encarar resultados amargos, especialmente na área econômica, administrada por Paulo Guedes, ministro da Economia.

Em seu governo, o país apresentou um crescimento econômico irregular: em 2019, foi de 1,9%; em 2020, o PIB recuou 3,9% e, em 2021, aumentou para 4,6%. No entanto, esse índice de crescimento de 2019 e 2021 não foi transmitido para a população, pois o desemprego subiu de 11,9% para 14,4%.

Entidades trabalhistas apontaram que a situação do trabalhador de uma maneira geral foi precarizada. Além disso, o custo de vida aumentou consideravelmente durante esse governo e a inflação saltou de 4,31%, em 2019, para 10,06%, em 2021, recuando para 5,79% em 2022.

O aumento inflacionário, que por si só impacta diretamente na renda dos trabalhadores, veio acompanhado de baixos aumentos salariais no que se refere ao salário mínimo. Durante o governo de Bolsonaro, não houve reajustes reais no valor do salário mínimo, pois os reajustes eram realizados como reposição da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Em governos anteriores, o aumento acontecia com base no aumento do PIB e no índice de inflação. Isso garantia um aumento real no valor do salário mínimo no Brasil. Por fim, o aumento salarial em 2021 foi de apenas 4,1%, ficando abaixo da inflação oficial (que foi 4,3%) e, em 2022, o aumento foi de 10,1%|1|. No último ano, o governo Bolsonaro anunciou um aumento de 8,9% do salário.

A consequência desse cenário foi que o Brasil presenciou um aumento da pobreza, da desigualdade social e da fome. Estudos mostraram que a população em situação de pobreza saltou de 7,6% para 10,8% entre 2020 e 2021 e, em situação de extrema pobreza, de 4,2% para 5,9%, no mesmo período|2|.

O governo Bolsonaro também ficou marcado pelos impactos da pandemia de covid-19. A doença chegou e se espalhou no país no começo de 2020, causando milhares de mortes ao longo dos anos de 2020 e 2021. O governo de Bolsonaro ficou marcado pela negligência e lentidão nas ações para conter o avanço da doença.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi realizada para investigar os crimes cometidos pela presidência durante a pandemia e o relatório final dessa CPI indicou que o presidente cometeu os seguintes crimes|3|:

epidemia com resultado morte;

infração de medida sanitária preventiva;

charlatanismo;

incitação ao crime;

falsificação de documento particular;

emprego irregular de verbas públicas;

prevaricação;

crimes de responsabilidade;

crimes contra a humanidade;

O presidente deu declarações polêmicas minimizando os efeitos da doença, debochando de cidadãos que adoeciam e faleciam e questionou a eficácia da vacina produzida para combater a covid-19. Até o dia 23 de dezembro de 2022, nos últimos dias do governo Bolsonaro, o total de mortes por covid-19 era de 692.854 brasileiros.

Derrota na eleição de 2022 e fim do governo Bolsonaro

Em 2022, Jair Bolsonaro concorreu a reeleição para o cargo de presidente pelo Partido Liberal (PL). Seu grande concorrente nessa disputa foi Luiz Inácio Lula da Silva, candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Lula pôde participar da eleição presidencial depois que suas condenações na Justiça foram anuladas pelo STF porque o juiz Sérgio Moro foi considerado incompetente para julgar os casos de Lula, além parcial em sua sentença.

“A eleição presidencial aconteceu em um cenário de muita apreensão, em especial pelas declarações vagas do presidente sobre se aceitaria ou não uma derrota para Lula. Além disso, Bolsonaro deu repetidas declarações em que questionava a legitimidade e lisura do processo eleitoral brasileiro. Ao final do primeiro turno, Bolsonaro obteve 43,20% dos votos.

No segundo turno, a disputa com Lula resultou na derrota de Bolsonaro. O então presidente obteve 49,10% dos votos contra 50,90% de Lula. Foi a eleição presidencial mais disputada da história da Nova República e a disputa foi resolvida com uma diferença de pouco mais de dois milhões de votos.

Com a derrota, Bolsonaro tornou-se o primeiro presidente da Nova República a disputar a reeleição e ser derrotado. O presidente recusou-se a permanecer no Brasil para realizar a tradicional entrega da faixa presidencial para o novo presidente e viajou para os Estados Unidos nos últimos dias de seu governo. Essa quebra de protocolo aconteceu pela primeira vez desde que o Brasil foi redemocratizado. Em 1º de janeiro de 2023, Lula assumiu seu terceiro mandato como presidente.

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