Eleições e jornalistas…

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Rodrigues Cambala

Acomunicação social e os jornalistas preparam-se para mais uma difícil e nobre missão: tratamento da informação eleitoral. Não podem estes profissionais ser vistos como escórias. 

Igualmente, não podem, de jeito nenhum, navegar na imersão de protagonistas. Falha! A partir do próximo mês, período que, provavelmente, será convocada as eleições em Angola, a comunicação social estará com percurso dificílimo em função dos (des) caminhos que andou a trilhar. Decerto, se quer a todo custo desfazer-se dos adjectivos nada satisfatórios lançados em alguns círculos da sociedade e de políticos. 

O dilema dos últimos tempos tem sido acima de tudo política. Enquanto o partido da situação reprova, de pés juntos, o jornalismo realizado pela imprensa privada, actualmente quase resumida em Sites, os opositores reclamam  o jornalismo da imprensa pública. É uma situação que acontece desde o início da pluralidade, há quase 30 anos. O jornalismo angolano vive dividido em dois blocos. Até os profissionais vivem divididos e, vezes sem conta, gladiaram-se com juras de ódio eterno. Por que? Dividir para premiar. Não que tem funcionado também, na perfeição, no seio das organizações. 

Até chegar o dia D, os políticos vão manter as fervurosas ideologias e grande pitada de desconfiança dos jornalistas. De alguma forma, notabliza-se um  divórcio velado entre os media e o público. A credibilidade granjeada ou recuperada há quase cinco anos, foi levada pela tempestade. 

Hoje, até os menos entendidos falam sobre o assunto. A única verdade é que todos os jornalistas conhecem em uníssono a frase: a profissão está aos pontapés. O nosso jornalismo já demonstrou que é impossível atingir igualdade no tratamento das fontes de informação, talvez fosse possível debater o equilíbrio. E não custa nada! Para tal, basta um estudo e adoptar modelos que já existem na ciência concernente à cobertura eleitoral. 

A estratégia e tática merece alinhamento. Isenção, imparcialidade e objectividade são óptimos conceitos que voltarão a todo custo a ganhar espaço de debates e nas habituais formações sobre cobertura eleitoral. Que haja algo de novo e não se fique na mesmíssima teorização.  

Os aspectos, acima citados, são, no fundo, de estudo obrigatório no campo da filosofia do jornalismo. Na sua operacionalidade, o distanciamento fica entre o céu e a terra. Tais conhecimentos ficam intangíveis por conta das nuvens.

O problema da sobrevivência dos jornalistas e dos órgãos não se coloca em discussão na praça pública somente em Angola. Desde que o mundo começou a assistir a presença dos grupos económicos (élite que comanda a política e os interesses políticos) a notícia ganhou outros contornos, a sua selecção deixou de ser campo absoluto do jornalismo e do jornalista. A subjectividade informativa é, cada vez mais subjetiva. 

A sustentabilidade e a empregabilidade superaram os critérios. E por aí tem sido o caminho…  Certamente, nos últimos meses, o país tem vindo a registar uma vaga de acções de contra-informação e desinformação. Nada nos retira que vai ser a jogada dos políticos, que nos vai levar até às eleições. 

A media estará, mais uma vez, como apanha bolas. Cada um enviará mais cedo a bola às mãos do patrão? Pede-se, na fase de pré campanha e/ou campanha, haja atenção para a media não ser um meio de entretenimento num quadro de puro populismo e propaganda dos partidos. 

Que deixe este campo apenas para os políticos partidários! É muito desagradável quando os jornalistas se resvalam em sentidos íngremes. Os partidos políticos começam, agora, a armar todo o seu arsenal da comunicação interna. Muito bem. Aliás, a comunicação eleitoral e logística andam em pé de igualdade quando se prepara o plano eleitoral. São as áreas mais importantes. Estas áreas estarão habilitadas para o “combate” de ideias (comunicacional), mas que os jornalistas não carreguem para si o ónus da propaganda. Este caminho é sinuoso e eivado de vícios. 

Assiste-se, a título de curiosidade, na invasão da Rússia à Ucrânia. Um jornalismo de encher o saco e vergonhoso, por parte dos meios ocidentais, que meia volta volver a notícia pende de um lado. Sobre boas práticas de comunicação, são eles que nos exigem a imita-los? Em milhares de notícias publicadas diariamente sobre o conflito mais mediatizado, neste século, a Rússia é pintada com as cores de demónio pela imprensa. Um mau exemplo que não vale a pena seguir. 

Os partidos políticos devem apresentar capacidade na comunicação eleitoral, para tirar vantagem dos espaços de media ( convencional). Os candidatos devem, acima de tudo, ter preparação e o treinamento não pode ficar aquém de um atleta que se prepara para uma  corrida de resistência. Um candidato mal preparado perde fôlego, logo depois do primeiro mês de campanha. É escusado que os estrategas se guiem, por enquanto, no marketing político, uma produção posterior. 

Agora, vale a comunicação eleitoral. Jornalistas devem evitar acrescentar frases feitas, as quais não foram ditas pelos candidatos durante os comícios. O jornalista não integra a equipa de comunicação dos partidos. Só não se sabe se alguns não estarão vestidos, nos eventos, de camisolas partidárias. Num passado recente, alguns disputaram a frugal logística com os militantes…

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