EX-DIRECTOR DA UNICARGAS FOI DETIDO EM LISBOA
O antigo-presidente do Conselho de Administração da TCUL Abel António Cosme, prófugo no “Caso CNC”, no qual seria julgado por envolvimento em supostos desvios de fundos enquanto gestor da Unicargas, está detido, desde quinta-feira, em Lisboa, Portugal.
A detenção, segundo uma fonte do Jornal de Angola, foi o cumprimento de uma “notificação vermelha” da Interpol. Disse que, na sexta-feira, o Gabinete da Interpol de Lisboa, ficou de apresentar Abel Cosme a um juiz, para a legalização da detenção.
A fonte adiantou que o Gabinete Nacional da Interpol junto do Serviço de Investigação Criminal “já está a accionar” os “procedimentos necessários” para que as autoridades angolanas possam requerer, o mais rápido possível, a extradição de Abel Cosme.
O Jornal de Angola contactou o director nacional da Interpol em Angola, Destino Pedro Nsevilu, para confirmar a informação, mas não o fez, nem desmentiu, tendo garantindo que, oportunamente, a instituição vai pronunciar-se sobre o assunto. Numa entrevista concedida a este jornal, em 2019, o director nacional da Interpol em Angola já havia alertado para cidadãos angolanos envolvidos em práticas criminosas, que haviam saído do país para fugirem à Justiça, podiam ser capturados pela Interpol, para serem presentes a tribunal, desde que as autoridades competentes emitissem mandados de captura.
Aquando do julgamento do “Caso CNC”, o declarante José Manuel Rasak revelou, em tribunal, que o Conselho Nacional de Carregadores e a Unicargas financiaram a criação da empresa de transportes Afritaxi, tendo Abel Cosme sido um dos responsáveis pela criação da Rent Angola para gerir a frota de Benguela.
José Manuel Rasak disse que aquela empresa foi criada quando faltavam apenas três meses para a realização do Campeonato Africano das Nações (CAN) de 2010, mas em nenhum momento fizeram a formalização como sócios em escritura pública.
O réu principal no mediático julgamento do “Caso CNC” foi o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que, em Agosto de 2019, foi condenado a 14 anos de prisão, por peculato, branqueamento de capitais, associação criminosa e artifícios fraudulentos para desviar fundos do Estado.
No mesmo processo, foram condenados o ex-director-geral do CNC, Manuel António Paulo, a 10 anos de prisão, e os antigos directores-adjuntos Isabel Bragança e Rui Manuel Moita, a 12 anos e 10 anos, respectivamente. O funcionário Eurico Pereira da Silva foi condenado, a dois anos de cadeia, com pena suspensa. Em função do recurso interposto, o plenário do Tribunal Supremo decidiu, em Dezembro de 2019, reduzir as penas dos réus. A de Augusto Tomás baixou de 14 para oito anos.
Fonte: Jornal de Angola