Greve dos médicos em Angola: Sindicalista diz ser alvo de ameaças

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O líder do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel, suspeita que as tentativas de intimidação têm o “beneplácito” do MPLA. Enquanto diálogo não avança, a greve continua e mais protestos estão agendados.

Em entrevista à DW África, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola revela que está a ser vítima de intimidações através das redes sociais devido à paralisação iniciada a 21 de Março.

Os médicos angolanos contestam o incumprimento de acordos assinados com as autoridades para a melhoria das condições de trabalho, aumento salarial, pagamento de subsídios e segurança, entre outros pontos.

Até agora, não há sinal de acordo com o Governo. Mesmo assim, Adriano Manuel garante que os profissionais de saúde estão disponíveis para voltar à mesa das negociações com o Ministério da Saúde. Até lá, a greve é para manter e mais manifestações estão agendadas.

DW África: Denunciou que tem sofrido perseguições e ameaças de morte. O que aconteceu?

Adriano Manuel (AM): Nós estamos a ser perseguidos, infelizmente. Foi postada [nas redes sociais a fotografia de] um local onde estive a comer sozinho, mas foi feita uma montagem onde eu estava supostamente a conversar com um alto dirigente da UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola, o maior partido da oposição], como se estivesse a suborná-lo.

Para mim, isso constitui um perigo. Em todas as movimentações que estou a fazer, estou a sofrer perseguição, eventualmente com o beneplácito do comité de especialidade do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder], que tem estado a dar informações a meu respeito. Isso é extremamente complicado. E essa perseguição [visa] eventualmente também a minha família, segundo informações que obtivemos de fonte digna de crédito.

 

DW África: Há médicos que aderiram à greve que estão suspensos e a serem ameaçados de despedimento?

AM: Estão a ser ameaçados, sim, essencialmente os médicos internos de especialidade. Algumas instituições hospitalares estão a persuadir para que eles voltem, caso contrário, serão expulsos.

DW África: Tem havido avanços nas negociações com o Governo?

AM: Existe um braço de ferro entre o Governo e o sindicato. O Governo nega conversar. Tem estado a protagonizar ameaças de toda a ordem nas instituições, especialmente os diretores dos hospitais, para com os médicos de especialidade.

DW África: Está previsto algum encontro com o Ministério da Saúde nos próximos dias?

AM: Só depende do Governo de Angola. Nós estamos disponíveis todos os dias e estamos preparados para voltar à mesa de negociação assim que formos intimados.

DW África: Entretanto, os serviços mínimos nos hospitais têm sido assegurados?

AM: Sim, continuam a ser garantidos até agora.

DW África: O sindicato denunciou recentemente que alguns profissionais estavam a ser impedidos de entrar nos hospitais. Essa situação continua?

AM: Os médicos continuam a ser impedidos de entrar nos hospitais, principalmente os médicos que estão em greve. Recentemente nos apercebemos do documento de expulsão de alguns médicos internos ligados às clínicas privadas, no caso, do Hospital Pediátrico David Bernardino.

 

DW África: No último protesto, em Luanda, prometeram continuar com mais manifestações. Este fim-de-semana pretendem voltar a sair às ruas?

AM: Vamos, sim, sair às ruas para manifestar o nosso descontentamento.

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