MARGINAIS EXECUTAM CIDADÃO COM NOVE TIROS NO PEITO
António do Rosário Oliveira, 35 anos, perdeu a vida depois de ser atingido, impiedosamente, com nove tiros na região do tórax por indivíduos desconhecidos. O crime ocorreu por volta das 12 horas de segunda-feira, 8 de Março, no município do Kilamba Kiaxi, na ponte que liga o Catinton, bairro Golfe 2.
Costa Kilunda
Após a execução, os dois marginais, seguindo numa motorizada, abandonaram o cadáver no local e seguiram viagem como se nada tivesse acontecido.
Segundo testemunhas, tudo indicava que os suspeitos pretendiam assaltar a viatura do malogrado, mas não foi o que aconteceu, aqueles terão alegadamente dito ao jovem que as orientações eram claras; “executá-lo”.
Apesar de ser mundialmente feriado, em alusão ao dia da mulher, António Oliveira fora solicitado pela patroa a trabalhar, segundo nos informou a viúva, Cesaltina Tomás Domingos. “Após receber a chamada disse que não queria ir trabalhar, queria apenas tomar um café e voltar a descansar”, lembra a viúva a vontade do marido, antes de sair de casa. No entanto, notou, “ante a insistência da patroa”, António nada pode fazer se não atender ao chamamento da patroa.
“Mas prometeu que trabalharia apenas até ao meio dia”, disse a esposa, distante de pensar que aquele nunca mais regressaria para casa com vida.
Questionada sobre um possível problema pelo qual alguém quereria o marido morto, Cesaltina Domingos disse desconhecer de qualquer assunto que o levaria a ser executado daquela forma. Entretanto, reconheceu que, nos últimos dias, o marido apresentava um semblante carregado, diferente do habitual, e quando indagado sobre o que se estava a passar o mesmo respondia que só contaria caso estivesse bêbado.
Diante de tanta incerteza, tudo que a esposa sabe explicar é que António foi um excelente companheiro. “Graças a Deus não tenho motivos para reclamar de alguma coisa durante o tempo em que convivemos”, lembrou, enfatizando que se ela, esposa, fosse uma agente da Polícia e capturasse os carrascos do próprio esposo, exigiria desses que contassem quem havia encomendado a morte do marido. “E juntos dava-os o mesmo destino”, desabafou.
População pede maior intervenção da PNA na circunscrição
Os moradores desta zona pintam um quadro negro para descrever o bairro. E como forma de reduzir as acções dos marginais, apelam a uma maior e urgente actuação das forças da ordem. Aliás, dizem, os actos criminosos que ali acontecem provocam tanto eco que a Polícia tem domínio do assunto, mas incapaz de mudar o quadro.
Para eles, garantir a segurança do perímetro em que se localiza a referida ponte é o mínimo que se pode fazer para os utentes da mesma, sobretudo no período pós-laboral.
Segundo os moradores, quer do Catinton, quer do Golf 2, atravessar aquela ponte a partir das 18 horas é um autêntico risco. “Quem manda são os
meliantes”, dizem, quase que em coro, lembrando-se, com alguma nostalgia, da tranquilidade dos tempos idos.
“Não há noite ou dia, todos os dias eles actuam quando e como bem entendem. E basta resistires para que te tornam em número de estatística”, enfatizam, ao mesmo tempo em que lamentam o silêncio tumular da PNA ante o ecoar dos tiros dos amigos do alheio.
“Nada disso é alheio à Polícia, eles recebem todas as ocorrências deste lugar porque quando, às vezes, resulta em mortes, como é este caso, são eles que recolhem os cadáveres, mas reforçar o patrulhamento e punir severamente os criminosos é o que não conseguem fazer. É lamentável”, disse um morador, que à semelhança de todos preferiu anonimato.
Para aqueles munícipes, quer os da Maianga ou do município do Kilamba Kiaxe, outra preocupação reside nas constantes lutas entre gangues rivais. Nestas, muitas vezes até os inocentes pagam, contam. “Muitos têm sido vítimas de ferimentos graves, nem as residências são poupadas.
Por isso, apelam para que se instale uma esquadra na zona, a fim de que se possa devolver o sentimento de segurança.