TURMA DO APITO ACUSADA DE CONSTANTES AGRESSÕES FÍSICAS CONTRA MORADORES
Mais uma vez, a Brigada de Vigilância Comunitária, a conhecida Turma do Apito, volta a estar na boca do povo, por más razões, depois de recentes informações vindas de moradores do bairro Deolinda Rodrigues, vulgo Mulenvos de Baixo, no município de Cacuaco, de que o grupo está a agir com brutal violência.
Jurelma Franciso
Os moradores denunciam que a Turma do Apito agrediu três moradores do bairro, em Julho, sendo que a última vítima é a jovem Francisca Gomes, de 23 anos, solteira e mãe de seis filhos.
“Eles deram ordens para entrarmos em nossas casas. Assim que começámos a andar, um deles empurra.me e eu caí. Quando tentei levantar, eles começaram a espancar-me”, contou Francisca Gomes, avançando que a agressão partiu da roulote até à porta de casa, que fica junto à Comissão de Moradores. “
Francisca Gomes explicou que a agressão dos membros da Brigada deu-se por volta das 22 horas daquele dia, quando se encontrava em companhia de vizinhos numa roulote, nas proximidades de casa, a consumir bebidas alcoólicas.
Ela e os companheiros foram surpreendidos por um grupo de jovens que os questionavam a razão de estarem na rua àquela hora, posto que, em consequência da covid-19, existe uma espécie de “recolher obrigatório” a partir das 22h00.
“Eles deram ordens para entrarmos em nossas casas. Assim que começámos a andar, um deles empurra.me e eu caí. Quando tentei levantar, eles começaram a espancar-me”, contou Francisca Gomes, avançando que a agressão partiu da roulote até à porta de casa, que fica junto à Comissão de Moradores. “Só fui largada, graças à intervenção de um vizinho militar que ouviu os meus gritos naquela hora da noite”, disse.
Depois da agressão, protagonizada por cinco elementos, Francisca ficou bastante ferida e, por falta de condições financeiras para locomoção, não pôde ir a uma unidade de cuidados de saúde, tendo recebido os primeiros socorros em casa.
Hoje, em função da agressão, a jovem disse sentir grandes dificuldades para andar, dormir e, até, não consegue usar roupas interiores pelas dores que sente em todo o corpo.
“Eu sou mãe e pai dos meus filhos. Nunca roubei de ninguém e eles bateram-me tanto, como se de uma gatuna se tratasse “, lamentou o sucedido, para depois acrescentar que “não cometi nem tenho dívidas. Se fizesse algo errado, levavam-me à esquadra policial”.
O que aconteceu com Francisca e demais moradores está a preocupar a comunidade, que, no decorrer da nossa reportagem, veio confirmar as agressões à vizinha e pedem que as autoridades municipais ou provinciais ponham cobro à situação.
“Não podem esperar que esses senhores da Turma do Apito matem alguém aqui, para que os responsáveis mandem parar essas acções de justiça por mãos próprias”, alertaram os moradores.
Questionados sobre a intervenção da Polícia, aqueles queixaram-se da passividade das forças da Ordem neste caso que envolve a Turma do Apito. “Eles têm conhecimento das agressões e outras más práticas desse grupo da Brigada, mas, como são todos corruptos, ninguém faz nada”, sublinharam.
A título de exemplo, os moradores alegam que a comandante da esquadra policial da Anda, no bairro Belo Monte, mostra atitudes de quem compactua com as agressões do Apito. “A comandante é que dá ousadia aos responsáveis da Comissão ou da Brigada de Vigilância de agirem assim, agredindo as pessoas, às vezes, sem mais nem menos. Mas que lei é essa?”, questionaram.
Aliás, para confirmar as acusações, os moradores disseram que, em muitos casos, as agressões da Turma do Apito começam na rua e terminam na própria esquadra policial, sem que as vítimas tenham quaisquer condições de defesa sobre as acusações de que são alvos.
Em função disso, a reportagem do jornal O Crime foi até à esquadra em causa, na companhia de Francisca Gomes, a vítima do dia 30 de Julho, para melhores esclarecimentos, mas não nos foi concedida a entrevista, para ouvirmos o outro lado da história, tendo o agente Gonçalves França, que esteve no piquete, aconselhado apenas à vítima das agressões a fazer o registo e ir a uma unidade hospitalar. “No vosso regresso, nós vamos tomar alguma decisão sobre o caso”, prometeu o responsável policial naquela unidade do Belo Monte.
Depois de atendidas no Hospital Municipal de Cacuaco, a nossa equipa e a agredida regressaram à esquadra, onde a queixosa foi ouvida, mas a nossa jornalista não foi autorizada a recolher mais informações da parte da Polícia.
À saída da esquadra, Francisca Gomes explicou que “os homens da Polícia pediram para eu fazer a medicação e, quando os agressores forem apanhados, com a minha ajuda, porque os conheço, vão ser obrigados a pagar as despesas com o tratamento!”
Antes do fecho desta edição, O Crime entrou em contato, por telefone, com os responsáveis da esquadra policial para obter novas informações sobre o andamento da investigação, mas sem sucesso.
Da Turma do Apito, as portas das instalações que acolhem o grupo estão sempre fechadas, o que impediu que o nosso jornal ouvisse reacções da referida Brigada de Vigilância Comunitária sobre as queixas que pesam sobre si.