A premiação e promoção da (des) honestidade no país

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1- As nomeações para cargos públicos ( ministérios, governos provinciais e empresas públicas) criam sempre muitos murmúrios no seio dos trabalhadores e da sociedade. É, sim, razão de menos expectativa e infinita descrença. Ouvem-se deduções em todas as nomeações: “vai ser a mesma coisa”. “O nomeado vai chegar com falácias e, no final, o resultado é nulo”. “O nomeado vem, também, para o cargo com propósito de fazer a sua vida e partilhar o bolo com o seu guardião”. “Se o que saiu não fez nada, o recém nomeado não trará satisfação”. “O melhor é tirar o cavalinho da chuva, e não acreditar que os dias serão diferentes”. “Promovem sempre os mesmos”. “Se o anterior não fez milagres no cargo, é sinal que o novo não fará”. “Este é mais um que funciona a base de grupinho”. “Voltou a ser indicado sem resultados palpáveis, não será agora que fará”, “Este é um arrogante…” Enfim…

Variadíssimas conclusões são lançadas no momento das exonerações e nomeações…

2- O espírito oportunista de gestores em ver todos os problemas pessoais resolvidos parece generalizado e, tacitamente, cravado no cérebro. É já de praxe e quase que moda o novo dirigente, nomeado no sector público, organizar um encontro com todos os funcionários e umas visitas a áreas afins. Auscultar e tirar notas até parece grande exercício mental, nestas alturas. Depois deste encontro, passam a ser uns homens de afectos e abraços, até ao terceiro mês. E depois? Uma próxima reunião só visto pelo binóculo. Ocorre a metamorfose comportamental sem pejo. Quer conhecer gestão financeira e recursos humanos de um indivíduo ( na empresa) mostra o saco azul e o buraco da contratação…

3- Os gestores públicos não têm a ideia ( ou alguém se esqueceu de informá-los) que são causadores do tremor de magnitude de destruição que se observou nos resultados do Presidente JLo. Falta instruir os gestores ( ministros, Governadores, PCA’s, administradores municipais e demais) que a mescla de arrogância, incompetência, desvios e desrespeito aos cidadãos e trabalhadores, afecta a imagem de quem os nomeou nos cargos. Estes senhores gestores públicos são distraídos e inconsequentes. Eles prejudicam a nação e quem os designou. Agem como verdadeiros marginais compulsivos, fazem negócios consigo mesmo e maltratam os trabalhadores. É só ver o semblante eriçado e ofegante dos colaboradores nas organizações públicas.
Tem havido (des) honestidade nas nomeações? Por que são sempre os mesmos? A indicação das mesmíssimas pessoas passou a ser cultura entre nós. Designam-se por via de nome, familiarismo e amiguismo. A competência e honestidade são atiradas na poça. A honestidade e competência são actos de heresia em Angola.

4- Fazer má gestão numa instituição do Estado dá sempre uma premiação e promoção depois de exonerado. Promovem-se a incompetência e arrogância e uns feitios descomunais. Cada vez mais, parece haver um gostinho nisso, pois tal capacidade sequer psicólogos encontram argumentos fáceis para caracterizar tal atitude.
Na cabeça oca de gestores, os colaboradores reivindicam de barriga cheia, ou seja, como se o salário (magro) bastasse na vida. Vezes sem conta, sugerem que o pessoal insatisfeito pelas condições laborais abandonem a empresa pública, como se fosse propriedade pessoal. Em situações mais frequentes, criam-se mecanismos para despedimento de quem exige o cumprimento dos actos simples e normais.

5- Há coisas caricatas nas instituições públicas. Estranhas mesmo. Sem fundamento das motivações, gestores retiram subsídios ao trabalhador, projectam suspensão, perseguem e promovem a intriga e fofoca. Casos caricatos e imundo, é ver gestores que colocam até escutas nos transportes de recolha de trabalhadores, para perseguir quem crítica a sua gestão. O pior, gestores há que dão gorgetas a indivíduos que captam resmungos ( gravações) e fazem queixinhas. Quem faz queixinhas e bajulação é premiado com uma promoção…

6- As nomeações deviam ser feitas a base critérios como honestidade, competências e humanização. A prática de amiguismo e familiarismo devia acontecer apenas naquelas empresas familiares e pessoais. O país precisa dos seus melhores filhos para crescer. A mentalidade prevalece poluída em pensar que depois de nomeado é a sua vez de “roubar”, de tirar a barriga da miséria. Foi o mesmo procedimento que levou o país à pocilga…
A gestão da coisa pública devia ser o elemento mais fácil, infelizmente os nomeados complicam-se com a matemática da iniciação. O salário é garantido, o orçamento é garantido pelo OGE, mesmo sem obrigação de apresentar lucros, o resultado dos nossos gestores públicos é comprometedor.
7- E se antes de as pessoas serem nomeadas, passassem por um crivo dos trabalhadores? E se os colaboradores pudessem seleccionar três nomes de pessoas competentes, justas e honestas ( dentro da empresa), que gostassem de ver à frente da organização? E se, semestralmente, os gestores fossem obrigados a apresentar o quadro do crescimento e gestão da empresa?

8- A ética laboral é terrível, quando temos de chamar por “chefes” indivíduos que não valem patavina, sem escrúpulo e apostados no roubo. Chamar a determinados indivíduos por ” chefe” tem sido um acto tortura, reitero, tortura moral…

Rodrigues Cambala,
Jornalista e Especialista em Comunicação corporativa

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