AGENTE DA PNA NO CUANZA-SUL É MORTO POR FOGO-AMIGO

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Um agente da PNA foi morto a tiro e outro gravemente ferido pelo próprio colega, enquanto tentavam apaziguar um tumulto, motivado por questões de feitiçaria. O caso aconteceu no pretérito domingo, dia 22, no município do Libolo, província do Cuanza-sul. 

 Costa Kilunda

As forças de defesa e segurança foram chamadas no local para acudir e evitar a morte de um ancião de 70 anos de idade, acusado de práticas de feitiçaria por um grupo de jovens revoltados que tentavam realizar justiça com as próprias mãos. Munidos de vários objectos contundentes, os jovens dirigiram-se até à residência do ancião com a intenção de o agredirem. Entretanto, os actos de vandalismo seguiram até à esquadra local, onde o alegado feiticeiro encontrava-se protegido pelas forças da ordem e segurança. 

A revolta, no entanto, deveu-se por conta da morte, por afogamento, de um jovem no rio Longa, na passada quinta-feira, dia 19, alegadamente por ter sido vítima de actos de feitiçaria praticados pelo idoso. Todavia, quando tentavam dispersar a multidão, um agente da PNA foi mortalmente atingido por fogo-amigo. 

A revolta, no entanto, deveu-se por conta da morte, por afogamento, de um jovem no rio Longa, na passada quinta-feira, dia 19, alegadamente por ter sido vítima de actos de feitiçaria praticados pelo idoso. Todavia, quando tentavam dispersar a multidão, um agente da PNA foi mortalmente atingido por fogo-amigo. 

Ainda na sequência da dispersão do motim, um 1.º cabo deu entrada nas urgências do Hospital Municipal do Libolo, onde se encontra agora a lutar pela vida desde domingo último, 22, após ter sido igualmente atingido, por fogo-amigo, na sequência da dispersão ao grupo de revoltosos. 

De acordo com moradores, entrevistados pela ANGOP, não se trata de um caso isolado, já que, segundo eles, ‘virou moda’ a crença no feiticismo. Segundo os mesmos, estes actos, infelizmente, têm resultado em agressões físicas, e, nalguns casos, em morte para o acusado. 

Falaram também que, só nos últimos trinta (30) dias, cinco pessoas foram “gratuitamente” assassinadas vítimas de justiça por mãos próprias naquela parcela adstrita à província do Cuanza-Sul, alegadamente por práticas de feitiçaria. E na tentativa de apaziguar tais confusões, a Polícia nacional, muitas vezes chamada a intervir, tem sofrido retaliação, e, às vezes, as esquadras acabam, também, vandalizadas. 

Como resultado do confronto às autoridades, uns terminam detidos, sendo que outros acabam, muitas vezes, com ferimentos graves. Por isso o Administrador daquela parcela, Rui Miguel, ouvido pela Agência Angola Press, apelou ao envolvimento da Procuradoria Geral da República (PGR) para que os munícipes ganhem cultura jurídica e pautem pela sã convivência social. 

Igreja e sociólogo apelam intervenção do governo 

 Para o sociólogo Óscar Boaventura estes comportamentos decorrem do facto de, na cultura Bantu, “o morto ter uma palavra a dizer aos vivos”, tendo em conta o que reserva a filosofia antropológica africana segundo a qual “há vida após a morte”. 

O estudioso apelou às igrejas e ao Governo no sentido de desenvolverem estudos sócio-antropológicos com o objectivo de se conhecer o que motiva as pessoas a manterem estes hábitos rudimentares. 

Por sua vez, o pároco da igreja Nossa Senhora da Conceição, no Sumbe, Fernando Francisco, disse que esse comportamento decorre de uma tradição africana em que são culpadas pessoas próximas pela morte de alguém. 

Fez saber ainda que o cristianismo tem estado a contribuir com diversas acções que visam fragilizar estas práticas que mancham a boa convivência na sociedade sobretudo para que não hajam mais vítimas mortais e não só destas práticas obscuras. 

Ainda em relação a este episódio, fazendo valer a máxima segundo a qual ‘mais vale tarde do que nunca’, a administração local está a desenvolver um programa de auscultação as autoridades tradicionais, religiosas e a própria juventude com o objectivo único de desencorajar a crença no feiticismo.

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