EFECTIVO DA PIR MATA MULHER e suicida-se
Uma semana antes do aniversário da filha, Admiro Bala aproveitou-se do pretexto de uma festa para ter Makiesse Nani Daniel , em sua casa e pôr fim às suas vidas, numa espécie de ” se não ficares comigo, não ficas com mais ninguém”.
Nzinga Manuel
Onamoro entre o também agente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) Admiro Bala, e a estudante Makiesse Nani Daniel, era como que um mar de rosas, tendo resultado no nascimento de uma menina.
“Nós sentamos, chamamos o jovem e, de uma forma amigável, como colega, porque eu pertenço ao Ministério da Defesa e ele do Interior, conversamos, de modo que este tipo de situação não voltasse a acontecer, sob pena, de levarmos numa outra vertente”
Em Novembro de 2020, o amor falava mais alto e tinha dado mais um passo no relacionamento destes, com a firmação do noivado diante dos seus familiares e amigos.
Entretanto, algum tempo depois, a relação, que parecia caminhar a mil maravilhas, começou a ganhar contornos alarmantes. Numa conversa entre Makiesse e os irmãos, aquela revelou os maus tratos de que vinha sendo vítima por parte do noivo, com ameaças de mortes, tendo, inclusive, certo dia, lhe apontado a arma em direcção à cabeça, conforme nos conta o irmão mais velho da malograda, Estevão Daniel.
“Nós sentamos, chamamos o jovem e, de uma forma amigável, como colega, porque eu pertenço ao Ministério da Defesa e ele do Interior, conversamos, de modo que este tipo de situação não voltasse a acontecer, sob pena de levarmos numa outra vertente”, disse Estêvão Daniel.
Nos últimos três meses, continua, o cunhado havia-se tornado num homem muito ciumento, possessivo e controlador. “A Makiesse não poderia ter aquelas saídas com colegas da escola, ele a seguia, criava sempre situações constrangedoras entre as amizades dela, em algumas vezes tirava-lhe, à força, do convívio das colegas e amigas”.
De acordo com o ele, diante de toda esta situação, a malograda dizia-se farta do comportamento do então companheiro e ponderava desistir do relacionamento.
Ao aperceber-se da intenção, Adelmiro, o noivo, preferiu, acabar com a vida de ambos, a viver sem a companheira.
Daniel Estêvão disse O Crime que, nos últimos dois meses do ano em curso, eles sentaram novamente com aquele de modo, que transmitisse à sua família a pretensão de uma reunião entre as partes (família da noiva e do noivo). Nesta sentada, garante Daniel, a irmã manifestou o desejo de não mais continuar na relação, pois tinha medo. “Nós conversamos com o jovem, dissemos-lhe que não estamos aqui para proibir ou obrigar, a nossa irmã esta aqui e está dizer que não quer mais, por causa do teu comportamento, o teu ciúme possessivo, nós notamos que o jovem estava obcecado”, garantiu.
Entretanto, ao que conta, aquele continuou a perseguir a malograda em todo sítio que ela fosse, arranjando sempre formas de a seguir. Ante ao cenário, os familares de Makiesse decidiram tirá-la do Cazenga, para o Talatona, em casa da irmã mais velha, onde passou a residir.
Todavia, Admiro Bala pretendia realizar festa do aniversário da filha, no dia 15 do mês corrente, pelo que ele e Makiesse falavam sempre ao telefone por mensagens.
Makiesse deslocou-se ao Cazenga, para o aniversário de uma sobrinha que vive com a avó, no passado sábado, dia 8. No dia seguinte, após regressar da igreja, por volta das 13 horas, recebeu a mensagem do então noivo, pedindo fosse buscar o dinheiro para fazer as compras da festa de aniversário da filha.
Makiesse foi ao encontro do noivo sem dar a conhecer a ninguém, tendo deixado o telemóvel em casa. Por volta das 16 horas, o irmão mais velho recebeu telefonema do irmão mais novo, dizendo que ocorreu uma tragédia: Makiesse Daniel foi assassinada com um tiro na cabeça pelo seu noivo e este suicidou-se de seguida.
Segundo as testemunhas que estiveram no quintal onde o crime ocorreu, quando Makiesse chegou, encontrou o noivo sentado ao lado de fora, tendo a convidado a entrar, ao que aquela rejeitou, dizendo “só vim buscar o dinheiro para organizar a festa da nossa filha”. O noivo insistiu até convencê-la.
Entretanto, os vizinhos relatam que, após aquela entrar, houve um momento de silêncio seguido, depois, de gritarias, de onde se ouvia: “ você foi na piscina com as tuas amigas e levaram os vossos amigos, você estava com um jovem, é melhor dizer-lhe que, se ele continuar a seguir vou lhe matar”, sendo que a noiva retorquia quem foi que disse isso? Sim, eu sai com as minhas amigas.
“Nós até ao momento desconfiamos que seja por causa de uma suposta traição que, alegadamente, ocorreu a dois ou três meses. Eles não viviam juntos, aguardava-se o casamento que, talvez, seria este ano ou próximo”, sublinhou.
Em meio a gritaria, ouviram o primeiro disparo, ao que correram a bater a porta, mas aquele gritou « ninguém vem aqui, estamos a resolver nosso problema». Em seguida, fez uma ligação telefónica e, quando terminou, ouviram o segundo tiro, que se segui de um silêncio absoluto, que os levou a arrombar a porta, tendo se deparando com os dois ao chão e pistola de lado, Makiesse estava morta, mas Admiro apresentava, ainda, sinais vitais, foi transportado para o hospital dos Cajueiros. Por volta das 20 horas, não resistiu ao ferimento e acabou por falecer.
Por sua vez, o irmão do malogrado, Samuel Baltazar, desconfia que tudo se deu em função de uma situação anterior de suposta traição da noiva.
“Nós, até ao momento, desconfiamos que seja por causa de uma suposta traição que ocorreu há dois ou três meses. Eles não viviam juntos, aguardava-se o casamento que seria este ou o próximo ano”, sublinhou.
“Mas o que conversavam está fora do nosso domínio”.
O irmão do malogrado fez saber que a família fez o seu papel, conversaram com os dois, no sentido de ultrapassarem a situação. “Não tinha como eles cortarem essa relação cem por cento, no meio disso tem uma filha. Também pegou-nos de surpresa. Ele era uma pessoa normal”, terminou.