Enquanto Manuel Homem brinca de governador: Munícipes de Luanda reclamam por falta de água potável e ruas asfaltas

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 A pesar de ser uma das zonas nobres de Luanda, os moradores do Morro Bento, município de Belas, nunca tiveram água a jorrar nas torneiras de suas residências, entretanto, em pleno século XXI, para obterem o precioso liquido têm que recorrer aos serviços de kupapatas e cisternas onde gastam fortunas. Enquanto isso, o governador de Luanda, Manuel Homem brinca que nem uma criança que tem o brinquedo de sonhos entre as mãos. 

 Leal Mundunde

Por se tratar de uma zona nobre, envolto de vários condomínios, residências de altas arquiteturas, grandes empresas, super-mercados, instituições de ensino e sanitária que dão outro visual no perimetro,  muitos não acreditam que os moradores do Morro Bento não possuem o acesso à água potável em suas residências, durante anos o que torna um negocio rentável de muitos dirigentes do país que são proprietários de cisternas que abastassem água naquela parcela de Luanda.

Neste âmbito, no passado dia 10 de Julho, a nossa equipa de reportagem radiografou algumas artérias do Morro Bento, ouvimos vários cidadãos, que dentre os vários problemas identificados, lamentaram a falta do líquido precioso em suas casas, isto é, em pleno século XXI, com o MPLA no poder há mais de 40 anos.  

As ligações domiciliares feitas há anos, em algumas habitações estão empoeiradas, a sair baratas e a danificar, como é o caso da residência do cidadão Carlos Filipe, que não imagina a altura em que terá a oportunidade de ver a água jorrar na torneira, que considera de enfeite. 

Para o cidadão, não tem sido fácil residir nestas condições, o que considera vergonhoso, uma zona com estas caracteristicas “ser esquecida até este ponto, pese embora as reclamações feitas até hoje, os nossos dirigentes fazem-se de surdos e mudos”, lamentou. 

Laurinda Miguel, reside no Morro Bento há três anos em casa do irmão mais velho, questionada sobre a situação da água, esboçou um sorriso irônico, a seguir disse “é um problema que não imaginava existir aqui”. 

“Sonho em um dia observar água passar nas nossas torneiras, mas parece que o sonho tarda em se realizar, por isso, às vezes prefiro não falar”, acresceu. 

Por uma cisterna de 10 mil litros chegam a pagar 20 mil kwanzas, por uma de 20 mil litros pagam 30 a 40 mil kwanzas, num período de quinze a 20 dias. Por outro lado, também recorrem a motos de três rodas, vulgo kupapata, que pagam 100 kwanzas para 25 litros. 

Preocupações intermináveis:  

Munícipes e automobilistas clamam por tapete asfáltico e iluminação pública 

Mau estado da rua Anghotel e a falta de iluminação pública em algumas artérias do Morro Bento, no município de Belas tem deixado preocupado os moradores e automobilistas. Recentemente uma empresa começou com trabalhos de asfaltagem nesta rua, mas não concluiu por falta de valores. 

O trabalho levado a cabo por uma empresa ao longo da rua Anghotel, na zona do Morro Bento não terminou, desta feita, deixando aquele perímetro longo com terra batida, buracos e areia que produz poeira que, consequentemente, causam sérios problemas de saúde. 

Moradores, automobilistas e cidadãos em geral utilizam com frequência a referida rua que serve como via terciária, que consideram de estratégica, facilitando o desbloqueio do transito nas vias 21 de janeiro, Camama e Talatona.

A título de exemplo, nesta rua encontra-se um  Centro de Saúde, Balcão Único de Atendimento ao Público (BUAP), Administração Municipal, com um administrador considerado de inoperante e vários condomínios que permitem com que a população use a via com maior regularidade. A situação tem deixado inquieto os cidadãos que questionam as causas da não conclusão da obra. 

Os automobilistas são dos muitos que sentem  os efeitos deste problema, levando mais tempo para chegarem ao seu destino e como se não bastasse, em função dos buracos na via causam sérios problemas nas viaturas. As consequências são contínuas como ocorrências de vários acidentes.

“Há um entroncamento nesta via, onde existe um buraco e tivemos que colocar pedras como improviso e os que não conhecem bem a rua, as dificuldades são maiores”, disse um dos automobilistas que circula com freqüência naquela via.  

Pedro Manuel é um dos automobilistas que não tem alternativas, pois, diariamente tem de ir à busca da companheira num condomínio localizado nesta rua, em que a mesma trabalha.

Miguel António, é outro  automobilista descontente e  não compreende como é que uma zona estratégica do bairro, esteja nesta situação, danificando muitas vezes as suas viaturas. 

Esta preocupação é também de Domingas Manuel, que lamenta o estado da rua, pois, é obrigada a caminhar com muitas cautelas, para que não chegue empoeirada na escola ou torcer uma das pernas por causa dos buracos. 

A mesma, refere que, este é um problema do país, em que as empresas começam com os trabalhos e não concluem, abandando a obra. 

A cidadã espera que em curto tempo o Estado crie condições para que se conclua o trabalho começado, uma revelação corroborada por Pedro Manuel.

Os mesmos, mostram preocupação, pois, quando chegar o tempo chuvoso, as dificuldades podem ser maiores, por isso, enquanto é cedo, propõem intervenção na via. 

 “O Estado deve começar a responsabilizar as empresas que não cumprem com os contratos e devem ser anunciadas publicamente para desencorajar outras instituições a não seguirem  o mesmo caminho”, apelou Miguel António.

Segundo informações, normalmente as empresas que colocam asfalto em algumas zonas do Morro Bento, são convidadas por empresários que pagam pelos serviços prestados, até ao local em que as suas instalações ou residências estão localizadas, por conta da não colaboração de outros. 

Esta é segundo alguns cidadãos, uma das razões da rua não ter asfalto ao longo da sua extensão, mas acreditam que seria tarefa do Estado realizar tais serviços.

A  iluminação pública no Morro Bento é outro problema que deixa preocupado os cidadãos, sobretudo no período noturno, pois, algumas zonas ficam às escuras e os marginais aproveitam-se da situação para cometerem assaltos. 

Pedro Manuel disse que a partir das 18 horas, por exemplo, na rua da Angothel, é arriscado circular, por isso, opta regularmente ir à busca da esposa que trabalha naquela rua. 

“Há casas que continuam abandonadas e contentores na via, onde geralmente os marginais escondem-se, para fazerem das suas”, disse Domingas Manuel. 

Pimentel Faria, nasceu no Morro Bento, a pesar de gostar de residir neste território, refere que, para maior segurança deve haver iluminação pública em todas as ruas, mas o que não acontece. 

Pimentel, acrescentou que já reclamaram várias vezes, mas o problema mantém-se e espera que um dia tenham iluminação em todas as ruas, por ser arriscado devido à escuridão e apela precaução aos cidadãos ao circularem de noite sozinhos. 

Os moradores, sugerem maior policiamento, sobretudo no período noturno, para que haja segurança dos mesmos, dos automobilistas e de outros cidadãos que usam estas vias. Aqueles moradores também alertam as autoridades policial a reverem os seus agentes que transformaram a rua da Angothel como uma via para interpelarem e corromperem os automobilistas “os policias da Ordem Pública criam uma espécie de posto de trânsito, interpelam os automobilistas e cobram dinheiro”, alertou. 

Surdos e mudos

Quando a água está dificil, chegam a pagar por 25 litros o valor de 150 kwanzas, mas antes já chegaram a pagar três bidons no valor de 250 kwanzas. 

Os nossos interlocutores Laurinda e Filipe referem que, além dos valores exorbitantes, batem-se ainda com a má qualidade da água que chegam mesmo a provocar várias doenças às pessoas. 

Perante tal situação, dizem muitas vezes que recorrem a casas de familiares ou pessoas amigas que residem em zonas onde jorra água, para encherem os recipientes que os possa aguentar por algum tempo e consequentemente economizar alguns trocados. 

Algumas famílias, pelo que apuramos, além das cavações de tanques de água adquiriram reservatórios de água de 500 litros que os facilita em função das necessidades. 

Em casa são cinco membros, os pais trabalham e os filhos estudam, Manuela João, olha para esta situação com tristeza, porque, garante que efectuam vários gastos com a compra de água, apontando a falta de vontade das autoridades para resolverem a situação, dada a dimensão da zona e as várias reclamações.

Pedro Manuel é da mesma opinião e exorta as autoridades para ajudarem a população “é uma situação que se houvesse vontade governamental já teríamos água a jorrar em nossas casas faz tempo, mas estão priorizar carros, roupas e aumentos salariais para os deputados”, frisou. 

A nossa equipa de reportagem via telefónica entrou em contacto com um dos responsáveis da comissão  de moradores para abordar sobre o assunto, mas mostrou indisponibilidade na data solicitada. Na mesma senda também tentamos ouvir o porta -voz da EPAL, Vladimiro Bernardo, mas também se mostrou indisponível. 

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