Que diferença faz? BODIVA e obras públicas: “Também tenho filhos e não vou entregar obras a nenhum dos meus filhos”
O Presidente da República, João Lourenço, concedeu, recentemente, uma entrevista colectiva a 12 órgãos de comunicação social angolanos, na qual deixou transparecer idoneidade, ao alegar que não entregava bens públicos aos seus filhos. Mais uma vez, uma inverdade, se tivermos em conta que a BODIVA é dirigida pela sua filha Cristina Giovana Dias Lourenço. Como diz uma famosa frase: ‘ À mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”.
“Eu também tenho filhos e não vou entregar obras a nenhum dos meus filhos”, disse o Presidente, quando respondia à interpelação de um dos jornalistas que questionou o recurso à contratação simplificada (ajuste directo) para a execução de obras no valor de milhões de dólares. O PR sublinhou que, ao contrário do que acontecia no passado, realizam-se agora concursos públicos.
O Presidente enumerou, ainda, vários projectos do governo anterior que acabaram por ser anulados durante o seu mandato.
João Lourenço justificou a anulação de vários concursos que tinham sido entregues a empresas ligadas à Isabel dos Santos com as poupanças conseguidas, garantindo que, agora, a lei é cumprida.
Sem ter citado nomes, não poupou o seu antecessor no cargo, José Eduardo dos Santos, que foi Presidente de Angola durante 38 anos, e atribuiu aos seus filhos, designadamente Isabel dos Santos, o controlo sobre várias áreas estratégicas da economia angolana.
João Lourenço deu ainda como exemplo o controlo que “o casal” (Isabel dos Santos e o seu marido, Sindika Dokolo, que morreu em 2020) que comercializava 60% dos diamantes produzidos em Angola e detinha “o desplante” de obrigar a Sodiam (empresa estatal angolana que actua na comercialização dos diamantes) a recorrer ao crédito junto do banco de que eram beneficiários.
PR não é exemplo
É frequente assistirmos nos discursos do Presidente da Republica, João Lourenço, a críticas ao seu antecessor no cargo, José Eduardo dos Santos, como se ele fosse melhor, mas os factos fazem questão de provar o contrário.
Cristina Dias Lourenço é a administradora da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), o que configura um acto claro de nepotismo e tráfico de influência.
A sua filha foi nomeada quando nem sequer tinha cinco anos de licenciada, tendo caído de “pára-quedas” como directora nacional das finanças, sem concurso público, e, posteriormente, para administradora da BODIVA.
A antiga deputada e filha do antigo Presidente, Tchizé dos Santos, também veio a público dizer que a filha de Lourenço é quem faz as vendas na Bolsa de Valores. O PR não é exemplo nenhum em matéria de boa governação.
A BODIVA dirige a comissão de mercados de capitais, que, nesta altura, trata da venda, em bolsa, de empresas e instituições financeiras e comerciais detidas pelo Estado e constituídas com fundos públicos.
Foi a filha do presidente a dirigir as negociações para a venda das acções do BAI (Banco Africano de Investimento) que foram constituídas com o dinheiro da Sonangol. Foi também a filha do presidente que esteve à frente da venda das acções do Banco de Comercio e Industria (BCI) ao Grupo Carrinho por uma “bagatela”, ou seja, 30 milhões de dólares norte-americanos, quando especialistas avaliavam em 600 milhões de dólares.
Recorde-se que o Grupo Carrinho tem sido citado em vários círculos como tendo ligações à família presidencial.
Brevemente, será a “menina” Cristina a decidir sobre a venda das acções de empresas como a TAAG e Sonangol. É caso para dizer que o presidente não é nenhum exemplo de moralidade.
Importa, já agora, salientar que o presidente tem como responsável da Casa de Segurança da Presidência da República o general Serqueira João Lourenço, seu irmão mais velho. Assim vai o País… PR combate nepotismo com nepotismo.