Quem matou o mestre Pitchu?: JUDOCA ANGOLANO MORTO A TIRO POR SUPOSTOS MELIANTES

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O judoca do Grupo Desportivo da Banca e da Selecção Nacional, José Simões, 40 anos, mais conhecido como “Mestre Pitchu, foi morto a tiro por presumíveis meliantes, nas imediações da sua casa, no bairro Belo Horizonte, município de Viana.

 Nzinga Manuel

“Mestre Pitchu”, como carinhosamente era tratado, proveniente do bairro Golfe 2, município do Kilamba Kiaxi, acabava de realizar o sonho da casa própria, no bairro Belo Horizonte, tendo dela desfrutado apenas duas semanas.

O assassinato do judoca aconteceu há mais ou menos quinhentos metros da sua residência, por volta das 4 horas da manhã, numa altura em que José Simões caminhava para cumprir a mais uma jornada laboral. Ali mesmo, o jovem foi abordado por supostos marginais, que, depois de anunciarem o crime, dispararam duas vez nas suas costas. O judoca da Banca não resistiu e acabou por perder a vida no local.

Dele, os criminosos retiraram uma quantia em dinheiro, ainda por especificar, anel e telemóvel.

Alexandre Simões, filho do atleta angolano, contou ao Jornal O Crime as circunstâncias em que encontrou o seu pai. “Estava ainda a dormir quando ouvi o primeiro disparo”, disse o jovem de 15 anos, acrescentando que se levantou logo de seguida, saindo para constatar o que se estava a passar.

Ao chegar à rua, disse, ouviu o segundo disparo. “Um minuto depois apareceu um homem, que vinha da igreja, e contou-me que uma pessoa havia sido baleada e que precisávamos ligar para Polícia”, explicou. 

Dando sequência, referiu, correu até ao local indicado pelo desconhecido homem onde constatou o inesperado. “Era o meu pai jogado no chão, morto”, lamentou.

Cristina Simões, visivelmente consternada e inconsolável, pede às autoridades para deter os autores da morte do pai dos seus filhos e que seja feita a justiça.

Por seu turno, Cristina Simões, esposa, de 34 anos, não disse mais nada, senão descrever as qualidades do agora finado esposo, sublinhando que o marido foi o maior presente que a vida lhe deu. “Era um grande homem, companheiro, amigo, muito amável e carinhoso como esposo e como pai”, qualificou.

“Mestre Pitchu” preparava participação para o mundial

Ângelo António, colega do judoca, revelou a este jornal que o malogrado se encontrava em fase de preparação visando a sua participação no Campeonato do Mundo de Judo, para veteranos, a realizar-se em Outubro próximo em Portugal.

“Angola perdeu uma medalha a favor dos meliantes”, lamentou Ângelo.

Ele, que também ostenta a categoria de mestre, referiu que privou várias vezes com o malogrado, destacando o colega como um homem de grande disciplina, e que a família do judo perde um influente membro, um samurai, e, mais do que tudo, um chefe de família. 

“A família do mestre Pitchu perdeu um grande homem, e nós, família do judo, também nos foi retirado um importante membro. Nunca conseguiremos superar esta perda”, afirmou mestre Ângelo, ao mesmo tempo em que lhe escorriam lágrimas.

“As artes marciais ainda vão estar em luto por muito tempo”, adiantou, referindo que atrás ficam sonhos por realizar.

Ressaltou ainda o facto de o “mestre Pitchu” não ter vivido o sonho da casa própria. “É duro”, repulsou, para depois dizer que o que precisam neste momento é que a Polícia faça o seu trabalho, que localize e responsabilize os culpados deste hediondo crime.

“Nós vamos seguir até às últimas consequências, não podem tirar uma vida desta forma”, garantiu o atleta.

Já o aluno Carlos Neto descreveu “mestre Pichu” como sendo uma excelente pessoa, amigo dos seus amigos, muito alegre e de trato fácil.

Carlos fez também saber que esteve com o malogrado dois dias antes do sucedido, e que a notícia sobre o seu passamento físico deixou-o boquiaberto.

“Estivemos juntos há alguns dias, e o que mais me dói é saber que ele morreu desta forma cruel”, referiu.

Já outro colega, Henrique Paulo, manifestou-se indignado com actuação da corporação, que, segundo ele, tem sido demasiado permissivo e condescendente com os marginais. Aliás, referiu, existem muitas obras abandonadas ou terrenos baldios, cujos marginais usam como quartel general, mas que a Polícia se vê incapaz de desmantelar.

“Então, volta e meia só assusta alguém é assaltado ou, em casos mais extremos, é morto por estes assassinos”, notou.

Coleccionou medalhas e títulos ao longo da carreira 

Considerado como um dos melhores judocas do Grupo Desportivo da Banca e da Selecção Nacional, ao longo da sua carreira conquistou várias medalhas quer a nível nacional como internacional.

Começou a competir desde os anos 90, foi sempre um atleta de alto nível, muito habilidoso e campeão juvenil A e B, Juvenil Esperança até chegar aos seniores.

Um dos judocas mais consagrados da selecção nacional, campeão do Zonal 6 de África, na categoria de 73 kg, teve uma grande prestação nos jogos Pan-africanos. José Simões morre prematuramente, aos 40 anos, deixa viúva e dois filhos.

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