EMPRESÁRIO JUSTO MOSTRA COMO É POSSÍVEL TER SUCESSO SEM ROUBAR DO ESTADO
Um dos maiores empreendedores da actualidade no país, António Lissimo Laurindo, vulgarmente conhecido por Justo, foi, recentemente, alvo, nas redes sociais, de várias calúnias, dentre as quais, de “contrair dívidas com vários músicos e que é filho de dirigentes do MPLA”. Aquele jovem empresário, em entrevista exclusiva a este jornal, desmente tais informações e conta como é possível o filho da humilde sanzala Lomato, sita no bairro Macolocolo, província do Huambo, chegou a capital do país e enriqueceu sem herdar nada dos pais camponeses e muito menos roubar do Estado.
Por: Dumilde Fuxi
Recentemente, foram difundidas, em redes sociais, publicações em que o acusavam de ter usado a imagem de alguns artistas para contrair dívida a um cidadão e, agora, recusa-se a pagar. É verdade?
Isto é, claramente, uma invenção. Não entendo as razões que levaram essas pessoas a fazerem isso. Não sei quem difundiu tais informações caluniosas. Por outra, não se pode acusar alguém sem lhe ser dado o direito de defesa.
Nota que a referida publicação não faz menção ao nome da pessoa que eu, supostamente, devo e nem a quantia. Se tivesse alguma dívida, não me custaria assumir e comprometer-me a pagar. Quanto a isso, não tenho problemas.
Portanto, o Justo não está em dívidas com ninguém?
Eu sou uma pessoa de negócios. E alguns deles podem não ter terminado da melhor maneira. Quando isso acontece, acabamos sempre por ficar com alguma coisa por resolver. Qualquer negociante pode estar em situações como essas, mas isso não dá o direito de fugir dos problemas.
O que devemos fazer é assumir as nossas responsabilidades e resolver as coisas da melhor maneira possível.
Realizou algum negócio que não teve o desfecho desejado e deixou uma das suas empresas em dívida?
Neste momento, não. Mas já aconteceu e nós cumprimos com a nossa promessa. Qualquer negócio que não corra bem e que nos deixe em dívida com a outra parte, nós cumprimos com o nosso dever. Se, no momento, não tivermos fundos suficientes para tal, pedimos um tempo para trabalhar e ressarcir os valores, mas nunca com a intenção de mentir, burlar ou deixar a contraparte triste. Isso, até, é feio. Porém, posso garantir que, neste momento, os meus empreendimentos e eu não estamos em falta com nenhum cliente.
Hoje, fruto do meu conhecido percurso no empreendedorismo, tenho mais maturidade e consigo definir as coisas, tal como elas devem ser.
Qual, no seu entender, foi o motivo para a criação da publicação em que aparece como um devedor?
As pessoas, agora, vêem que o Justo está a evoluir e eu sinto o mesmo, porque tenho estado a trabalhar, arduamente, para que um dia a vida seja melhor. E o que muitos fazem é tentar boicotar o resultado de um trabalho feito com muito suor.
Estas pessoas, provavelmente, não devem saber de uma coisa que me mantém vigoroso: além de trabalhar muito e com responsabilidade, tenho a bênção de Deus. Sou uma pessoa iluminada.
Este cenário resulta do ambiente empresarial em que está envolvido?
Obviamente, sim. É uma situação que foi criada com objectivo de manchar a minha imagem e afectar os meus negócios. Não existe outra verdade, senão esta.
Note que a publicação não cita a quantia ou a pessoa a quem eu devo, não tem sustentabilidade. E engana-se quem pensa que conseguirá derrubar-me com isso. Sou muito mais forte do que eles acham.
Venho de um lar muito humilde, onde passei a ter responsabilidades acrescidas. Por conta disto, tenho de ter carácter e o cuidado suficiente para não manchar o bom nome da minha família. Não aceito todas, mas respeito a opinião de cada pessoa. Na vida, só se fala de quem trabalha e a publicação que se refere é prova disso.
Isso prejudicou-o de alguma forma?
Não… Pelo contrário, aumentou a minha força para trabalhar. Coisas como estas levam-nos sempre a fazer uma auto-avaliação e corrigir o que não estiver bem.
Cada um de nós paga tudo aqui na terra. Devemos dar paz, amor e respeito aos outros. Tenho estado a pedir a Deus para que conceda isso aos que não gostam de mim e os abençoe com saúde, trabalho e dinheiro para a sua família. A minha vida resume-se em trabalho e não tenho tempo para fazer mal a ninguém.
Já que alega que a publicação tenha sido criada para manchar a sua imagem, tenciona responsabilizar o seu autor?
Não há necessidade. Por que iria perder tempo com isso?! Gostaria apenas de aconselhar as pessoas a certificarem-se sempre do que divulgam. Sempre que receberem uma informação, devem olhar para o perfil ou historial do visado e ouvi-lo antes de fazer a publicação ou partilhar.
Qual é o seu maior orgulho?
Estou muito feliz por ter a certeza de que os meus filhos vão beneficiar de alguma coisa que consegui. Não me refiro ao dinheiro, mas a minha marca na história que fui traçando com muito sacrifício. Dinheiro não é tudo. Posso morrer, mas, o meu nome, jamais desaparecerá. É tudo bênção de Deus, o ser humano não dá isso. Não precisamos esforçar, as coisas acontecem naturalmente, no tempo do Criador!
O que é família para si?
Tudo. Minha base, estabilidade e continuidade. É nela que busco forças para tudo o que tenho feito e está sempre disponível a apoiar-me nos maus e bons momentos.
Nesta caminhada, também devo agradecer bastante ao Hélio Francisco, um jovem muito batalhador e dono da HL, Decor e Design, e ao Alex Kipiaka, meu sócio e um dos que muito contribuiu para que me tornasse na pessoa que sou hoje.
Esses dois têm sido um grande suporte para mim. É preciso que as pessoas entendam que, a cada dia, devemos conhecer indivíduos que nos acrescentem alguma coisa, tanto na formação do carácter como noutros aspectos da vida. Eles são uma verdadeira fonte de inspiração, são como irmãos para mim.
“O que o meu malogrado pai me deixou foi educação e carácter”
Quem é o Justo?
Sou o António Lissimo Laurindo, mais conhecido por Justo, de 37 anos, sou um empreendedor angolano, nascido na sanzala Lomato, bairro Macolocolo, província do Huambo.
Em que circunstâncias veio para Luanda?
Vim para Luanda em 1994, para avisar sobre a morte do meu tio aos familiares que cá viviam, mas acabei por me instalar aqui até hoje, onde dei os primeiros passos para conseguir o que tenho.
De lá para cá, como foi a sua vida?
Aos 12 anos, comecei a trabalhar como auxiliar de limpeza no extinto Mercados e Feiras, no bairro Rocha Pinto. Posteriormente, como fiscal do referido mercado. Um ano depois, passei a trabalhar como taxista, após comprar o meu primeiro carro, um Toyota Hiace, que me rendeu muitos lucros. Entretanto, em 2002, com 20 anos, eu já tinha 42 Hiaces, que os vendi em 2007, após a morte do meu irmão e companheiro de negócios, Justo Laurindo.
Neste percurso só teve sucessos?
Claro que, também, tive insucessos! Um deles foi a morte do meu irmão e a do meu querido pai, a quem devo tudo o que sou hoje, pois, apesar de não me ter deixado dinheiro, deixou-me o que considero o mais importante: Educação e carácter. Entretanto, nenhuma dessas quedas foram capazes de travar a minha força e determinação para vencer os obstáculos da vida. Quando caí, levantei-me ainda mais forte e percebi que sou uma pessoa com luz divina.
O que representa para si as suas conquistas?
Não há dinheiro que compre o que eu consegui. Há pessoas que deram a vida pelo país e permitiram que hoje vivêssemos num ambiente digno, de paz, mas não têm uma rua com o seu nome. Eu tenho isso, o “Pão Justo” é uma música a falar de mim…
E o que tem feito em benefício do país?
Além de ter os meus impostos em dia, já asfaltei uma rua com meios próprios, a rua 22 do Kifica, no distrito do Benfica. Tenho mais de 142 funcionários, apesar disso, ainda não fiz nada e nem me considero empresário, mas sim um empreendedor que contribui para o bem-estar socio-económico da nação.
Quais são os seus empreendimentos?
Actualmente, sou parceiro na empresa MGIRF de Construção Civil e proprietário da Frota Justo, LDA., Comércio Geral e Prestação de Serviços, que engloba uma Rent-a-Car, com carros de luxo para casamentos, tenho um snack-bar, pastelaria, boutique, salão de beleza, barbearia e a ALL Construção. Estou a construir três condomínios em Luanda, para ajudar pessoas de baixa renda a terem casa própria, entre eles, artistas e pessoas anónimas.
Pertence a algum partido político?
Não. Meu partido é Angola, pois, assim, como a maioria do povo angolano, também luto por uma Angola melhor. Entretanto, as pessoas que me querem derrubar poderiam pensar em nos unirmos, no sentido de fazermos uma Angola melhor, uma vez que, de forma diferente, não me vão conseguir derrubar. Eu, como podem ver, vim de longe sem herdar nada, roubar o Estado ou prejudicar um compatriota.