Xtagiarious Finance: CLIENTES CONTRA ACORDO QUE OS OBRIGA A ESPERAR MAIS SEIS MESES

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TNa corrida para a resolução de problemas financeiros que passam, cidadãos de vários extractos sociais acorreram à empresa Xtagiarious Finance para, em seis meses, terem uma margem de 10 a 15 por cento de juros sobre o capital investido. Porém, o que não sabiam é que a empresa não estava legalmente autorizada para este tipo de actividade.

Maiomona Paxe

Construção da casa própria, compra de carro, realização de casamento, tratamento de doenças e outras várias questões motivaram centenas de pessoas a acorreram à Xtagiarious – Prestação de Serviços Financeiros (SU), aka Xtagiarious Finance, empresa que se apresenta como do ramo financeiro, contribuinte fiscal n.º 5000514861, para aplicação do seu dinheiro, pois a empresa oferece uma taxa de juros de longe superior a dos bancos comerciais.

Actuando desde xxx, na segunda-feira, 02 de Agosto do ano em curso, o Banco Nacional de Angola (BNA) tornou público um comunicado que dá conta que a empresa de Édson Caetano de Oliveira, a Xtagiariuos Finance, não está habilitada a exercer, em Angola, qualquer actividade financeira sujeita à sua supervisão, designadamente, a prestação de serviços de pagamentos, captação de depósito e aplicações monetárias.

Segundo informações, antes mesmo do comunicado do BNA, o Banco Africano de Investimentos (BAI) já havia congelado a conta da empresa, por desconfiança de lavagem de dinheiro e falta de transparência na proveniência de somas avultadas.

Na tentativa de reaver os valores aplicados, os investidores dirigiram-se à empresa, mas sem sucesso. “O contrato baseia-se na aplicação de valores que começam de cem mil kwanzas adiante, num período de seis meses, recebendo entre 10% a 30 % do valor aplicado mensalmente ou de forma acumulável”, explica Gaspar de Almeida, investidor, para depois salientar que a mesma não tem cumprido com o contrato celebrado e que pretende receber o seu dinheiro de volta.

Desde a data da publicação do comunicado do BNA, não houve nenhum pronunciamento do CEO da Xtagiariuos Finance, Édson Caetano de Oliveira. Segundo uma fonte interna da empresa, que não quis ser citada pelo jornal, a Xtagiariuos Finance entrou num período de negociação com os clientes, a fim de tratar questões relacionadas à devolução de valores “Estamos a ligar aos clientes, para negociar o destino dos valores aplicados”, disse.

Entretanto, vários clientes dizem tratar-se de uma negociação fraudulenta, unilateral e que não se baseia na devolução de valores de forma imediata. “Eles não querem devolver o meu dinheiro, estão a propor uma reaplicação dos meus valores para receber depois de seis meses e não estão a dar garantias de devolução imediata a quem recusar esta proposta”, afirmou João Sousa Monteiro, que aplicou AKZ 2.000.000,00 (dois milhões de kwanzas) para, depois de seis meses, receber AKZ 1.200.000 (um milhão e duzentos mil kwanzas) de juros.

 “Eles querem que nós esperemos mais seis meses até resolverem a situação com o Banco, mas o nosso maior medo é esperar e eles sumirem no calar da noite”, rematou Isaac Ramalho, investidor.

Face ao exposto, os investidores temem que seus valores monetários não sejam devolvidos, não obstante terem aberto um processo-crime contra a empresa, junto da Procuradoria-Geral da República, no Zango 4, Viana, mas com receio de que não resulte em nada, pois, adicionam, o homem máximo da Xtagiariuos Finance, Édson de Oliveira, goza de influências no Comando da Polícia Nacional.

“Queremos o nosso dinheiro” é a frase que se ouve dos clientes, desde militares, polícias, até mesmo funcionários de bancos comerciais que, para a solução, ponderam a realização de uma manifestação e, se possível, o uso da força.

Por conta das ameaças dos clientes, Édson de Oliveira viu-se obrigado a contratar mais seguranças particulares e com posse de arma de fogo, para intimidar qualquer acção violenta, atitude igualmente não bem vista pelos investidores que, insistentemente, alegam ser um descalabro. 

“Como é possível ter dinheiro para contratar seguranças particulares e não ter valores para pagar os investidores?”, questionou Domingas Sanguahanga, desabafando, posteriormente, que já não lembra de quando teve uma noite de sono tranquila por conta desta situação e que pretende apenas seu dinheiro de volta, mesmo sem os juros prometidos pela empresa de “Dom Saramago”. 

“Há clientes que aplicaram entre 10 a 80 milhões de kwanzas que, por conta da vontade de fazer crescer o seu dinheiro, abdicaram de abrir um negócio rentável para investir na Xtagiarious”, declarou Paulo David, de 33 anos, que aplicou cerca de AKZ 8.000.000,00 (oito milhões de kwanzas), valor destinado para seu enlace matrimonial e construção da sua residência, por hora cancelado, em função da retenção do dinheiro”. 

Numa ronda feita pelo jornal O Crime naquela empresa, sediada no distrito do Zango 3, rua 6 das casas azuis, município de Viana, na segunda-feira, 16 de Agosto, constatou-se que os clientes invadiram o interior e, ultrapassando o corpo de seguranças armados com arma de fogo, quebraram vidros, mesas, portas de caixilharia, computadores e pretendiam levar alguns bens, inclusive houve quem levou uma carrinha para rebocar os carros da empresa, “para comercializar, caso o responsável máximo não devolver o dinheiro”.

Instalado o caos, a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) foi obrigada a intervir e devolver a tranquilidade no local, que culminou com a detenção de um cliente, por sinal militar, que chegou a partir para cima de funcionários.

“Queremos apenas o nosso dinheiro e eles se recusam a devolver o que é nosso por direito e conseguido com muito sacrifício”, afirmou a esposa do militar que, acompanhada com uma criança ao colo, viu o seu marido a ser preso e obrigado a pagar os danos materiais que causou à empresa.

Contactado para mais esclarecimento sobre o assunto, o CEO, Édson de Oliveira, recusa-se a falar sobre o assunto, pese embora os seus funcionários acautelarem os clientes com discursos optimistas. 

Do outro lado do processo, estão arrolados cidadãos nacionais e estrangeiros, jovens e idosos que, com a saúde débil, necessitando de hemodiálises e cirurgias delicadas, e problemas de outras índoles, como atrasos no pagamento da renda de imóvel, temendo despejo, vêem-se obrigados a venderem seus pertences, para poderem alimentar-se e acudir necessidades diárias, uma vez que a maior parte de seus valores monetários estão retidos na Xtagiarious Finance, pelo que clamam pela devolução de seus valores.

As autoridades locais afirmam ter o domínio do caso e alegam já estar encaminhado à PGR há algum tempo, por conta das reclamações dos clientes, mas até à data presente, esta nada diz, o que tem criado um desconforto aos clientes.

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