Ao resistir ao assalto: MOTOTAXISTA É EXECUTADO NA VIA PÚBLICA

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Três indivíduos, fortemente armados com AKM, assaltaram e executaram, na via pública, um mototaxista de, apenas, 17 anos. Testemunhas oculares contaram ao ‘O CRIME’ que a vítima ofereceu resistência e foi alvejada com dois tiros no abdómem. O crime aconteceu na passada sexta-feira, 9/10, no Calemba 2, e o adolescente veio a falecer no dia seguinte.

 Por: Costa Kilunda

Segundo fez saber os familiares da vítima, o assalto ocorreu por volta das 18 horas de sexta-feira, 9, uma altura em que Kololo André, de 17 anos de idade, regressava para casa, depois de mais um dia de trabalho. Numa das ruas daquele intrigado bairro, o adolescente deu de caras com um grupo de três indivíduos, fortemente armados, transportados por duas motorizadas, que o abordaram e de seguida anunciaram o crime.

Temendo pela sua vida, contou Augusto Pembele, irmão mais velho da vítima, o adolescente decidiu escapar dos marginais que, sem hesitar, efectuaram dois disparos à queima-roupa, atingindo-o na região do abdómem. Na sequência, disse, os suspeitos retiraram a vítima da motorizada e colocaram-se em fuga com a mesma. “Uma das balas perfurou a barriga e saiu, mas a outra ficou no interior”, afirmou Augusto, acrescentando que, de imediato, foi socorrido por colegas, que o levaram até ao Hospital Geral de Luanda, onde foi assistido pelo corpo clínico daquela unidade.

Augusto contou, ainda, que apesar de o irmão ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica, para remoção do projéctil, aparentemente com sucesso, do qual foram precisos seis balões de sangue, Kololo veio a sucumbir no dia seguinte, sábado, 10/10, por volta das duas da tarde, não resistindo aos ferimentos.

Bastante condoída com a tragédia, estava também a mãe do adolescente, Ngunga Maria, que se mostrava incapaz de compreender tamanha barbárie, por causa de uma motorizada. “Por que matar um miúdo por causa de uma motorizada?”, questiona agora a senhora, de quem o finado filho era, também, apoio. “Tudo que ele queria era, apenas, trabalhar e custear os seus estudos”, reitera.

Visivelmente magoada e quase sem reacção, suplica para que seja feita a justiça pelo filho.

Segundo apurou a reportagem do ‘O CRIME’, o bairro Calemba 2, no município do Kilamba Kiaxi, é bastante fértil em episódios como o que aconteceu com este cidadão, acrescentando mais um nome à, já extensa, lista de execuções, por marginais, em plena via pública. Em uma das edições anteriores deste jornal, trouxemos o relato de um caso em que um mototaxista também teve o mesmo fim.

Na maioria das vezes, segundo deram a conhecer alguns moradores, os crimes acontecem bem às barbas das autoridades, que se apresentam impotentes de reagir ou, até mesmo, de reverter o quadro. De acordo com uma testemunha, que preferiu anonimato, explicou que, pela frequência com que tais episódios acontecem, não é de se estranhar que tal venha a contar com a participação dos agentes da Polícia, mais preocupados em extorquir os mototaxista e automobilistas, do que, propriamente, em combater o crime.

“É lamentável”, deplora, para depois dizer que um pouco por toda extensão do bairro, ouve-se, dia-após-dia, relatos de pessoas que perderam a vida em consequência das acções dos marginais, que tomaram de assalto a zona.

Para este morador, não é por acaso que, também, de quando em vez, preferem fazer justiça por mãos próprias, a esperarem que a Polícia os venha defender. “Preferimos queimá-los”, disse, enquanto conta, aos dedos, os casos em que se viram forçados a defenderem a sua honra.

O bairro Calemba 2, segundo os nossos interlocutores, está dominado pelo crime, mais a mais, aventam, por ser uma zona com bastante movimentação, devido aos mercados, que o tornaram em alvo e terra fértil para o cometimento de crimes. Aliás, ao invés de combatê-los, afirmam, os homens da farda azul transformaram-se em aliados dos bandidos.

De realçar que o caso do adolescente Kololo André, assassinado no passado dia 9 de Outubro, sexta-feira, já é do domínio do Serviço de Investigação Criminal (SIC), tendo, já, sido instaurado um processo-crime, com o número 7202/20, para investigação, localização e possível detenção dos marginais, ainda a monte.

De realçar, também, que os restos mortais de Kololo André, de 17 anos, foram a enterrar no passado sábado, 17, no Cemitério da Camama.

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