Criminalidade em alta no Kalawenda: MAIS DE DEZ ASSASSINATOS EM TRÊS MESES

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Os populares do bairro Bananeiras, no Kalawenda, vivem atemorizados por conta do aumento desmedido da criminalidade, uma zona onde histórias de assassinatos são factos do dia-a-dia.

Jaime Tabo

Para começar, em Janeiro último, um jovem foi assassinado em plena luz do dia, depois de resistir a um assalto, perto de uma escola. Outro foi morto pelas 13horas, igualmente na via pública.
Só neste ano, somam-se mais de dez pessoas assassinadas naquela zona, conforme os moradores fazem saber, recordando, ainda, que, em Outubro, um rapaz foi barbaramente assassinado pelo próprio vizinho.
No entanto, os homicídios são só uma parte do quadro criminal daquela periferia. Os populares garantem que tem sido muito mais difícil caminhar no período nocturno, o que dificulta gravemente a vida dos estudantes e trabalhadores que começam ou terminam as suas actividades naquele período.
Contam que neste ano, um cidadão que saía do serviço foi abordado no Campo da águia, onde, não fora a intervenção dos transeuntes, mais uma família teria perdido o pai.
Pedro António, professor e estudante universitário, lembra que foi apontado com duas armas na cabeça e uma faca no peito por quatro noites em que foi assaltado, quando regressava da universidade. “Perdi o meu computador e outros bens, porém, o mais importante é a vida”, disse. Depois de vários assaltos, o jovem foi obrigado a se consciencializar de que era normal, já que na primeira vez ficou traumatizado de tal sorte que não foi à universidade durante um mês.
O patrulhamento de proximidade de que muito se fala não existe nas Bananeiras. “Nós vivemos reféns dos bandidos”, afirma, sublinhando que, quando a Polícia recebe denúncia, pouco faz para capturar os delinquentes e, se o fizer, em pouco tempo são soltos.
Por isso, a população adoptou um método que atenta contra a vida, para se salvar: quando um marginal é flagrado, os populares, movidos pelo espírito de revolta e furor, o queimam. Um dado apurado pela nossa equipa dá nota que muitos dos marginais queimados, naquela circunscrição, são menores de 17 anos de idade.
No passado mês, o acto foi concrectizado, quando o ladrão que tentava assaltar um taxista, chegando a desferir-lhe uma faca no pescoço. Retido pelos populares, queimaram-no imediatamente.
‘Tatotita’ é o grupo mais temido no bairro. Pedro não encontra adjectivos para atribuir, uma vez que os membros já massacraram muita gente e destruíram várias famílias, matando os progenitores. “Esse grupo tira a paz dos populares”, lamenta.
Joaquim Cabila diz que sonha com um bairro de jovens estudantes. Porém, contrariamente, surgem agora os ‘Mini Tatotita’, constituído por meninos dos 10 aos 14 anos que andam com facas na cintura e perpetram crimes, facto que preocupa os moradores.
No beco chamado Esperança 2, a única esperança de quem por ali passa é de ser assaltado, isso porque o pior seria ser morto, principalmente a partir das 14 horas, momento em que os marginais se reúnem para fazer o uso de substâncias entorpecentes, aguardando pelas vítimas.
Victor José conta que no último sábado de Fevereiro, uma jovem foi assaltada à mão armada pelas 10 horas, em frente à igreja em que presta culto. “A criminalidade aqui dá medo!”, expressou.
Com a queda da oferta de trabalho, a juventude encontrou na criminalidade o meio para satisfazer as suas necessidades. Para Pedro António, o confinamento contribuiu para o aumento desmedido do fenómeno na zona, pois, justifica, os estudantes ficaram desocupados em casa e tiveram um desvio mental.
A criação de postos de emprego é das melhores soluções para que se baixe o índice de criminalidade. Na sua visão, um pai desempregado não consegue pagar a formação académica dos filhos que, consequentemente, poderão enveredar para a criminalidade.
Frisar que a zona tem poucas escolas, por isso ou não, o facto é que parte da juventude dedica-se nas apostas desportivas, Angofoot, para esquivar o caminho do crime.

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