EX-FUNCIONÁRIO DO BNA ACUSA CHEFE DE DEPARTAMENTO JURÍDICO DE FRAUDE

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Adérito Ambriz, 50 anos de idade, ex-funcionário do Banco Nacional de Angola (BNA), na área de segurança, acusa José João, chefe do departamento jurídico daquela importante instituição do país, de usar despedimento, para se apropriar do seu salário.

 Jurelma Francisco 

De acordo com Adérito Ambriz, o triste episódio começou em 2005, após o desaparecimento físico de sua esposa, quando terá feito um empréstimo de AOA 100.000 (cem mil kwanzas) à entidade empregadora. 

“Fiquei espantado,  porque eu não  tinha competências para ver se o documento foi forjado ou não” , disse, acrescentando que não entende o facto de o documento ser forjado e o banco não notar isso antes da entrega do empréstimo. 

Entretanto, semanas depois do sucedido,  foi surpreendido com uma convocatória que afirmava ter forjado o boletim de óbito apresentado à instituição. “Fiquei espantado,  porque eu não  tinha competências para ver se o documento foi forjado ou não” , disse, acrescentando que não entende o facto de o documento ser forjado e o banco não notar isso antes da entrega do empréstimo. 

No dia seguinte,  o chefe do Departamento Jurídico chamou-o, questionando-lhe: “sabes por que  que estás aqui?”, ao que, inocente, respondeu que não. Seguidamente, explica, o chefe pegou no seu computador e começou digitalizar um documento que, após terminado,  entregou-o. Foi aí que soube que se tratava de uma carta de despedimento.

“Não percebi nada, ele mandou-me assinar, mas recusei. Só assinaria, caso o despacho fosse feito  pelo senhor  governador”, frisou, para ressaltar que o chefe do departamento não  tinha competência para o acto .

Irritado, prossegue, o chefe puxou-lhe o passe de trabalho e, num tom arrogante, disse: “se não queres assinar, não assine. Virou a folha e fez um despacho de medida disciplinar, alegando que neguei assinar o documento”.

Adérito Ambriz conta que, na altura, arranjou um advogado, a quem pagou USD 1.000,00 (mil dólares americanos), para o auxiliar, mas afirma que de nada lhe serviu, pois, após assinar uma procuração, descobriu que o advogado nunca deu entrada de nenhum processo. “Comecei a achar estranho, devido aos rodeios do advogado. Desloquei-me ao tribunal e, junto do procurador Pedro Lima, procuramos  pelo processo… Afinal de contas, não  existia nenhum documento, tudo porque o advogado não chegou a dar entrada ao tribunal”. 

“Uma teia de influências a favor do homem do BNA”

Na busca de respostas satisfatórias em função do comportamento do advogado,  uma fonte próxima  fez-lhe saber que o chefe do Departamento Jurídico do BNA, a juíza e o advogado eram amigos de longa data.

Após a descoberta, refere, contratou novos advogados, David Silva e Rui Salva Terra, que deram entrada ao processo, porém, diz a fonte, ao receber, a juíza notificou os antigos advogados no lugar dos novos, alegando, mais tarde, que foi um lapso. 

“Mas o advogado anterior, mesmo sabendo que já  não  fazia parte do  processo, recebeu a notificação,  foi ao tribunal e assinou a documentação necessária. Depois desse procedimento, a juíza  arquivou o processo. 

Depois de cinco anos,  o actual advogado, David Silva, escreveu  uma carta direccionada à juíza, tendo aquela respondido que o processo estava em andamento, mas não passou de mentira. Adérito conta ainda que recorreram ao Tribunal  e ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, sem sucesso.

Advogado nega acusações 

Este jornal foi em busca da versão do primeiro advogado alegadamente constituído, Eugénio Lima, que referiu, de primeira, que, além de não conhecer nenhum Adérito Ambriz, trata-se de especulações feitas pelo ex-funcionário do BNA. “Esse senhor  nunca foi meu constituinte  e, se for o caso, não  me lembro. Mais de 30 anos de Advocacia,  nunca tive problema na minha profissão,  só méritos. Se ele tiver algum problema, diga-lhe para  ir às autoridades,  ao governo ou mesmo à Ordem dos Advogados, a fim de resolver essa situação “, aconselhou. 

Em resposta, Adérito Ambriz desafiou: “se tudo que contei for mentira ,  eles que se atrevam a me processar por  calúnia, estou preparado para tal e com toda a documentação nos conformes”, revelando que só  com o passar do tempo descobriu que a medida que lhe fora aplicada era simplesmente   a diminuição de salário durante seis meses, mas o director  guardou tal documento e elaborou outro a despedi-lo. “Quer dizer: o meu salário cai e é ele quem recebe e, com esse dinheiro, pagou o advogado e a juíza”, finalizou.

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