Nove meses depois: LUANDENSES ANALISAM GOVERNAÇÃO DE JOANA LINA

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No pódio desde Maio de 2020, a licenciada em Economia e mestre em Políticas Económicas do Desenvolvimento constituiu-se na segunda mulher, depois de Francisca do Espírito Santo, no comando da capital. Porém, se foi ou não a pensar na sua formação académica que foi nomeada para desenvolver a capital, o certo é que tal desenvolvimento está aquém do esperado pelos populares.

Jaime Tabo

Populares cépticos com a governação de Joana Lina

Luanda caminha para o quinto século de existência desde a sua fundação, a 25 de Janeiro de 1576. Por ela já passaram 23 governadores. Hoje, com cerca de oito milhões de habitantes, a falta de água, luz, transportes públicos, escolas, segurança pública e saneamento básico continuam a ser dos principais problemas que levam muitos residentes a reclamar por melhores condições, por meio de manifestações que resultaram em mortes no ano passado.
No dia do aniversário da cidade capital, este jornal foi às ruas para ouvir a avaliação dos populares sobre a governação de Joana Lina Ramos Baptista Cândido. No município de Talatona, distrito de Camama, encontramos o cidadão Eugénio Muholo, que reivindica o facto de existir amontoados de lixo na sua zona há largos anos, mas que a administração local não consegue dar conta. Mas este, como diz, é só um dos muitos casos que fazem com que conote a governação de Joana Lina.
Na opinião de Jorge Filipe, cidadão morador do Residencial Nova Vila, no Talatona, diz que Joana Lina precisa ser mais comunicativa, pois, “tem pouca interacção com os seus governados. Deve ser mais actuante e fazer coisas que, de facto, marquem a sua governação pela positiva, como por exemplo, a construção de, pelo menos, 20 escolas, a distribuição de água canalizada em todos os bairros ou na maioria destes. Só assim poderemos dizer que é uma governação actuante”, disse.
Holifilde Meireles conta que, devido à insuficiência de escolas na zona em que reside, Estalagem, município de Viana, os jovens encontram ocupação nas drogas e, consequentemente, provocam desordem social. Para Meireles, se Joana Lina quer que os populares a dêem uma avaliação positiva, é preciso que trabalhe para tal, já que “não conheço o que fez que terá alegrado bastante os populares”.
O docente Maiúmba Francisco lembrou que a governadora exortou a juventude a pautar-se por uma disciplina patriótica, respeito aos símbolos nacionais e a reflectir sobre os valores da Independência. No entanto, questiona como pode cobrar educação a quem não educou, advogando que é preciso que se crie mais escolas. “É verdade que nem tudo está mal, mas é preciso fazer mais e falar menos”, referiu.
Conceição Bunga é moradora do bairro Calemba 2 e usa com frequência o trajecto Viana-Camama. Ela, ao contrário, faz uma avaliação positiva da governação de Lina por ser a única governante que conseguiu, finalmente, pavimentar aquela via de comunicação. No entanto, uma equipe desse jornal esteve no local e antes do Calemba 2, no sentido Camama-Viana, ainda há locais com buracos que reclamam por uma reparação.
Adélia dos Santos é licenciada em Ciências Políticas e diz que Joana Lina é uma mulher mais dedicada aos interesses do partido do que propriamente à governação para o povo e, acrescenta, usa dessa modalidade desde que foi governadora na província do Huambo.
Mas diz que não sabe que coisa propriamente boa e marcante Joana Lina já terá feito durante a sua governação de nove meses. “Se ela colocar energia em bairros escuros e água em bairros sedentos, seria uma mais-valia para que eu fizesse uma avaliação positiva”.
Para que as pessoas possam falar bem da sua governação, refere, é importante que se lembre da máxima do primeiro presidente da República, António Agostinho Neto, segundo a qual “o mais importante é resolver os problemas do povo”. Adélia diz que os membros do MPLA parecem esquecer essa frase que, na verdade, é uma palavra de ordem do seu então líder.
Os governantes têm um salário e este é dado para que trabalhem prol dos contribuintes, que são os populares, diz a cidadã Constantina de Oliveira, que acrescenta que os hospitais estão mal, a carecer de muitas necessidades básicas, por isso, revela que Joana Lina devia olhar para este sector como prioridade, considerando inadmissível que ainda continuemos a registar enchentes nos hospitais e pessoas morrendo por falta de um antipalúdico.
Outro cidadão, residente em Viana, diz que o facto de aumentarem o número de autocarros na via pública tem ajudado o bastante, apesar de ainda não ser o suficiente. Para ele, é uma boa acção na governação de Joana Lina que deve ser reconhecida.
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda. Segundo dados da ONU, vivem na capital mais de 7,7 milhões de pessoas com idade de 20 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo, mas apenas as elites beneficiam das grandes reservas de petróleo do país, por isso, a população fala em desigualdade social no país.

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