HERANÇA DEIXADA POR TETA LÁGRIMAS PROVOCA DOR E LÁGRIMAS
A morte chegou e, mal o corpo do músico arrefeceu, já a partilha da herança veio à tona e com ela a ganância, segundo Ana Filipa Mendes, que se apresenta como a viúva, a quem a família do malogrado nega tal posição, apesar de reconhecer o filho de ambos, advogando ser fruto de “amizade colorida”.
Por: Liberato Furtado
As três filhas de Teta Lágrimas e alguns familiares, que deram início à contenda com a mãe do último filho do músico, exigem que Ana Filipa Mendes entregue a documentação da titularidade do espólio.
Segundo aquela, tudo começou a partir do momento em que se tomou conhecimento da morte de Teta Lágrimas, em que nem o telefone nem a carteira do malogrado foram poupados pela filha, Letícia, que se arroga mulher de um comandante da Polícia Nacional, “podendo fazer e desfazer”.
Nada deveria ofuscar o brilho da paz que uma família deve irradiar. Mas quando o óbito é facto, um momento em que a dor e o luto consomem os entes do falecido, onde o choro e as danças, em muitos casos, são levados à exaustão, não se reputa razoável que se olvide o cadáver e todo um padecimento inerente para se pelejar por divisão de herança.
No entanto, nessa família, que até responde por alguma notabilidade no país, os ânimos pela herança terão sido o choro que mais alto soou, de acordo com o relato de Ana Filipa Mendes. “… é que ela, a Letícia, logo no primeiro dia, aquando da morte de Teta Lágrimas, à noitinha, fez a cabeça do tio e vão para lá buscar documentos. E eu lhe disse que não daria documento algum, chamando-lhe à razão que era suposto ela estar aí sentada a chorar a morte do pai e as pessoas lhe darem os sentimentos, ao invés de estar a cobrar, «quero documentos, quero documentos» ”, narra.
“Eu disse, igualmente, ao irmão gêmeo do Belito, o Tony, que não lhe daria os documentos naquela noite e sim depois do óbito… entretanto, ainda os disse que tinham muita coragem, que a Letícia tinha muita coragem em ir, às 22 horas, à casa do óbito, no dia em que morreu o pai, vasculhar onde estariam os documentos para reclamar herança”, repudia, acrescendo que aí começou o problema, pois, a filha, Letícia, ia ao óbito, dava meia volta e se ia embora.
Antes do funeral, continua Ana, Letícia apareceu com duas pessoas estranhas, e, sem o seu consentimento, nem tão pouco conhecimento, colocou seguranças à porta do Hotel. “Ora, eu é que geria, eu é que controlava o Hotel… Perguntei «senhores, o que fazem aqui?» e eles responderam que «a dona Letícia é que nos pôs aqui, somos seguranças para controlar aqui tudo e todos»”.
Em reacção, Ana cogitou consigo mesma «a Letícia, ao invés de falar comigo, faz as coisas sem me consultar? Se fosse no intuito de reforçar a segurança, eu até concordaria, porque sinto, de facto, necessidade. Mas ela não me consultou».
Depois do óbito, narra, marcou-se uma reunião para quinta-feira, dia 10 de Dezembro de 2020, em que Letícia e o seu advogado chegaram mais de duas horas depois da hora marcada, o que fez com que o seu tio, Tony, se fosse embora, tal como o advogado de Ana, por se fartarem de esperar.
“Tão logo chegaram, informei que a reunião estava adiada, fruto do atraso deles. Reagiram mal e disseram que, ao menos, eu teria de as ouvir… eu disse que as podia ouvir, mas sem proferir palavra alguma na ausência do meu advogado. Daí, disseram «… nós queremos os documentos e a viola». Eu disse que não daria nem uma coisa nem outra, porque o combinado era sentarmos em reunião para acertarmos como resolveríamos a questão”, lembra.
Ante a resposta, Letícia, acompanhada de dois polícias e as irmãs, prontamente, se dispôs a arrombar a porta, mas Ana advertiu que podiam fazer o que quisessem, porém, filmaria tudo, para fazer chegar à justiça. Com tais palavras, abriu-se uma confusão, até que o advogado de Ana voltou e apaziguou os ânimos, marcando-se novo encontro para o dia 12 de Dezembro.
Neste, Letícia foi a primeira a aparecer e, tão logo chegou, entregou um cadeado aos seguranças que ela deixou no Hotel, para trancarem as portas. Em reacção, Ana comentou que Letícia estava a ir longe demais… seguiu-se uma conversa com a participação dos advogados das partes e, ainda assim, não chegaram a um consenso.
O Crime — De que reclamam as filhas?
Ana Filipa Mendes — As filhas dizem que eu não tenho direito a nada, que terei um “direitozito, como funcionária do papá”, porque alegam que eu nunca fui mulher dele! Ora, eu vivi com ele! Temos um filho de dois anos e cinco meses. Por outro lado, nessa reunião, voltou a trazer polícias, não sei se era no intuito de intimidar-me. O advogado aconselhou-a a não envolver polícia, por não ser assunto de polícia, mas ela teimou e os levou, alegando que era mulher de comandante.
Como se não bastasse, refere, ela tirou a chave da porta que dá acesso à casa em que vivo com o meu filho. É parte de um todo erguido em anexo ao hotel. Não sei qual foi o objectivo que a norteou, se foi para me fazerem mal à noite, assalto ou algo parecido, desconheço, mas já fico com medo.
O Crime — A senhora dizia que Letícia e as irmãs dizem que não tem direitos a reclamar…
Ana Filipa Mendes — Pois… dizem que não tenho direito, porque fui apenas um caso “funcionária/patrão”, que não passou disso. Foram mais longe, alegando que até a percentagem reservada ao meu filho quem deve gerir são eles, até que ele tenha 18 anos. Enquanto isso, me dariam alguns tostões para ajudar na nossa subsistência. Já nós achamos que não é o justo. Não foi a nossa proposta…
O Crime — Foi funcionária de Teta Lágrimas?
Ana Filipa Mendes — Eu nunca fui funcionária do meu marido. Dava-me qualquer coisita para eu me orientar, mas como mulher dele.
Onze anos de relação e um filho: “sempre fui esposa do falecido
Ana Filipa Mendes se apresenta como mulher de Teta Lágrimas há oito anos, numa relação que vem de onze anos, durante os quais terão erguido o património que hoje é disputado. A mesma nega que estava separada do músico e justifica o facto de dormir, por vezes, em quarto separado, por causa da atenção a dispensar ao filho de ambos.
“Quando me juntei a ele, tinha apenas um espaço vazio; era uma quinta. Foi numa altura em que já se havia separado da então mulher casada, e feito a consequente partilha de bens, onde aquela ficou com uns imóveis na Avenida Deolinda Rodrigues e ele fica com esta quinta, em espaço vazio”, aclara, continuando… “ele, no decurso da nossa relação, disse-me: «Ana, vamos recomeçar a vida, porque de momento não tenho nada e estou num momento depressivo que resulta de todo um processo conturbado de separação. Eu já tive bens e no momento estou sem nada. Olha, ajuda-me, vamos lutar!» Eu disse, vamos, vamos lutar”.
E assim começou, conta, uma trajectória de província em província, a vender os discos durante muitos anos, incansavelmente, até cá, em Luanda, onde, conforme narra, andaram em supermercados de segunda a domingo, das 08h ao fecho das superfícies comerciais.
“Pronto, foi assim, fruto desse nosso trabalho e entrega, que conseguimos erguer o hotel, onde tem um salão de festas a funcionar, embora a clientela tenha baixado por conta da covid-19. Nós estávamos apostados em dar continuidade com a conclusão das obras do restaurante e colocar água na piscina que já está concluída. No entanto, a Covid 19, uma vez mais, nos deixou dependentes e foi assim que ele disse que devíamos funcionar a meio gás, até que se descobrisse uma vacina e se dirimisse a situação”.
Para reiterar sua posição, conta “… nós vivíamos juntos até à data em que ele morreu. Tivemos, sim, alguns problemas há um ano e seis meses, mas não passou de um mero desentendimento entre um casal, quem não tem? Brigamos e eu fiquei muito chateada e saí, mas depois de uma semana ele ligou e rogou que eu voltasse. Lembrou-me o nosso percurso, o nosso bebé… e disse que não fazia sentido a separação.
Antes os constantes pedidos, sublinha, Ana voltou e foi depois disso que Teta Lágrimas começou a queixar-se de depressão e esta o acompanhava às consultas. Poucas semanas antes da sua morte, revela, Teta Lágrimas pediu à Ana que fosse procurar um padre, porque o seu médico de Clínica Geral o recomendou. “Fomos ao encalço do padre muito longe, lá na Zona Verde, e este recomendou que deveria se desculpar com todos com quem teve desavenças. Ele começou por se desculpar comigo e eu lhe havia dito que já tinha esquecido tudo. Ele foi pedindo desculpas a várias pessoas, dentre elas a ex-esposa”.
Filhas nem aí à dor do pai
Muitas são as situações que roubam a paz dentro das famílias, e uma dessas tantas causas é o rompimento dos laços afectivos. Ana Filipa Mendes continua o seu relato, alegando que o grito de socorro de Belito, Teta Lágrimas, foi ignorado pelas filhas, durante o período em que se observou restrições nas relações interpessoais, por conta da Covid-19.
“… Foi nesse período, entretanto, que começou a queixar-se de mal-estar, depressão. É assim que lhe fui acompanhando aos hospitais, clínicas…No Hospital Psiquiátrico, foi sendo acompanhado na pessoa do director e, ultimamente, era mais ao telefone. Ele vivia reclamando, dizendo que estava mal. Ligava para o irmão, se queixando e o irmão, também, ligava para ele, para saber como se sentia”, conta.
Ademais, continua, “já a filha que sempre viveu cá, a Letícia, ouviu que ele estava mal, mas ficou assim… paciência! Não o acompanhou de clínica em clínica… que, ao menos, ligasse para as outras, no sentido de se tomar outras providências que passasse até por uma viagem ao exterior; nada! Elas ouviram e se remeteram à importância delas, ignorando as dores do pai delas. As que estavam lá fora, ouviram mesmo que o pai estava doente e nada. A mais nova só dizia «papá, vai, então a uma valeriana»… parece que era o nome de um medicamento ou uma Ervanária… A filha que vive cá, era muito, muito difícil de cá vir, mas o pai estava a clamar por socorro; nos últimos tempos, ele pedia muito por socorro!”
De mãos atadas, diz, pouco mais podia fazer, sendo que sugeriu a Teta Lágrimas a abandonar o hotel e viajar em busca de cura, pois estava muito mal. Em resposta, diz Ana, dizia que não podia fazer isso sem que um deles, ele ou Ana, permanecesse no país e, por outro lado, que não seguiria viagem sem que Ana não fosse. “Nessa incógnita, nos arrastamos até que no dia 24 de Novembro, uma noite recheada de brincadeiras com o nosso filho e depois foi se deitar e eu fiquei com o nosso filho no seu quarto e lá também dormi”.
Quando Ana despertou, porque tinha de sair e Teta Lágrimas sabia com que finalidade, pois alega que já haviam acertado que teria de deixá-lo com o filho, viu o pior. “Assim que chego ao quarto, deparo-me com ele, numa posição que, primeiro, me ocorreu que estivesse desmaiado. Corri, em busca do primo que mora ao lado, e assim que chegou, disse-me que, provavelmente, já estaria morto”, contou, revelando, depois, que Teta Lágrimas sofria de hipertensão há longos anos e de depressão nos últimos tempos, pelo que desconfia que a tensão lhe terá subido muito durante o sono.
Chamada a Polícia, confirmou que já não estava com vida. “Como fiquei sem chão, pedi ao primo que ligasse à família. A primeira a chegar foi a irmã mais velha de Teta Lágrimas. Tão logo chegou, a pedido da Polícia, solicitou-me os documentos de Teta Lágrimas e eu, como ainda estava desnorteada, expliquei onde estava à carteira. Como me encontrava em choque, não me importei com a carteira, mas a filha, a Letícia, reteve os documentos, sem que me apercebesse. Quando tentava levar o telefone, disse-lhe que não devia levar, porque tinha orientações do médico do meu filho e ela me respondeu que voltaria a entregar-me”.
No dia seguinte, frisa, Letícia mudou o discurso, alegando que o telefone é do pai dela e não de Ana, que nem sequer é mulher dele, tendo dito, também, que o pai nunca havia falado de Ana como mulher, somente do filho, que reconhecia ser dele. A isso, Ana respondeu que o pai dela sim, mas com quem nunca falou, pois não tinham uma relação salutar, de pai e filha. “fiz-lhe lembrar que ficou longos anos sem falar com o pai e as outras irmãs, que vivem no exterior, também raramente falavam com ele”, sublinhou.
Ana responde que Teta Lágrimas se queixou, de forma repetitiva, de depressão por, aproximadamente, quatro meses, sendo que ia fazendo consultas com uma psicóloga, no Patriota. Quanto ao sentido de pedido de socorro que esta alega que o malogrado fez, respondeu “pediu socorro, no sentido de ter falado com as filhas e o irmão, dizendo que estava mal, muito mal. Era uma forma de apelar por ajuda aos familiares.
Letícia Lágrimas se nega ao contraditório
Em meio a tantas situações de herança em que os bens materiais estão envolvidos e assumem o controlo das situações, se elevam sob o nosso olhar a pobreza de sentimentos daqueles que renegam o amor, que sempre será mais valioso que os bens que precisam ser divididos.
A ganância é uma vilã que se infiltra dentro dos lares, no seio da família, e provoca a ruína de relações construídas há décadas, geradas pelo sangue e regadas de afecto e harmonia.
No afã de ajudarmos essa família a chegar a um entendimento, ainda protelamos a publicação da matéria, pois, na busca do contraditório, Letícia, uma das filhas de Teta Lágrimas, negou-se a atender-nos o telefone, mesmo depois de enviarmos mensagens e até falarmos com um jornalista, seu mensageiro, que tudo fez para inviabilizar a publicação da matéria. Por fim, o emissário prometeu a entrevista com a mesma, mas acabou por fazer serviços subterrâneos, ao invés de levar a interlocutora ao prometido.
Irmão gêmeo alega que Ana está a mentir e fala sobre possibilidade de crime
Já o irmão gémeo de Teta Lágrimas, Tony, se mostrou bastante cordial e disponível à conversa. “É bom você ter chamado e tentar ouvir, do nosso lado, o que se passa”, começou por referir. A seguir, narrou “o que se passa é o seguinte: ultimamente, após o nascimento do meu sobrinho, filho de Ana, a relação deteriorou-se muito. Tanto que o meu irmão, a meu conselho, alugou uma casa para ela, porque era impossível viverem juntos. A própria Ana chegou a dizer que preferia morrer que voltar a viver com o Belito. E o Belito dizia que já não podia viver com ele, portanto, ponto número um: eles estavam separados”.
“Naquela noite, isso ainda vai à investigação, na noite que ela vai à casa do meu irmão, discutiu de uma maneira muito forte com ele, com testemunhas a apoiar. E o meu irmão teve um enfarte e ela só foi de manhã dar conta que o meu irmão estava morto. Portanto, a partir daí, a Ana não tem nenhum direito de pretender o que ela pretende, nenhum!”, foi peremptório.
Mas, continua, Ana, com o apoio da sua família, está a tentar ocupar o lugar de esposa, coisa que diz que nunca foi. “Ela foi uma simples funcionária do meu irmão, que se envolveu fisicamente com ele. Está bem que ela, em certo momento, esteve a apoiar o meu irmão, porque trabalhava com ele, ganhava, tinha o seu salário e passava lá à noite”.
Portanto, diz Tony, o que Ana pretende é “pura, simples e claramente, um aproveitamento estúpido da morte do meu irmão. E nós vamos continuar a investigar, ela pode, ainda, ser chamada para explicar o que aconteceu na noite em que ela lá foi, porque, primeiro, quando o SIC lá chegou, depois da morte do meu irmão, ela declarou que não vivia lá, que havia ido naquela noite, para que, no dia seguinte, fossem à terapia do meu sobrinho, onde iam sempre duas vezes por semana. Então, ela saia da casa dela que o meu irmão arrendou, no Zango, e vinha, para que no dia seguinte, de manhã, fossem… cada um no seu quarto.
Nesse momento, a família do malogrado crê que Ana terá provocado a morte a Teta Lágrimas. “Nós temos informação que houve uma forte discussão naquela noite, fortíssima, que claramente ocasionou a morte do meu irmão”, disse, reiterando, a seguir, que Ana quer acaparar-se daquilo que não é dela, considerando que “essa senhora é totalmente louca nas suas pretensões.
Como uma espécie de recado, o irmão gêmeo de Teta Lágrimas adverte a mãe do seu sobrinho, Ana Filipa: “ela que tenha muita calma, porque se vai investigar sobre o que aconteceu naquela noite… Ela pode ser indiciada por crime; temos testemunhas! Sinceramente, essa moça está a ser muito mal aconselhada por agiotas e ela própria tem uma ambição desmesurada e incompreensível”.
Diante das declarações de Ana Filipa, que assume ter sido mulher do falecido até à hora da morte, Tony mantém o discurso, alegando que há falsidade. “Não é verdade! Isso é o que ela diz agora. Eu sei! Pergunte a ela se o meu irmão não arrendou uma casa no Zango. Pergunte a ela se não esteve lá, na casa do meu irmão, na noite anterior e o porquê que foi lá naquele dia”, rebateu.
O Crime — A senhora Ana Filipa diz que ajudou a erguer o património que hoje se disputa e que a quinta era um terreno baldio, quando ambos se uniram ao desafio.
Tony Lágrimas — Por favor…! Quando a quinta foi adquirida, ela ainda não era nascida. Terreno baldio? Era uma quinta murada e plantada por nós. Aquela quinta é fruto de uma divisão de bens num divórcio.
O Crime — Insistimos. A senhora sustenta que trabalhou dia e noite com o seu irmão, para poder erguer o que se disputa hoje.
Tony Lágrimas —Nãaaaaoooo. Era uma funcionária. Era uma trabalhadora remunerada, no fim do mês recebia salário. É o típico de empregada que se envolve com o patrão. Por favor, ela está a deturpar totalmente a situação real.
O Crime — O que é que pensa a família de Teta Lágrimas?
Tony Lágrima — No princípio, antes de sabermos o que havia acontecido naquela noite, a discussão com o meu irmão, eu, em particular, defendia que, tendo em conta que grande parte do tempo que o meu irmão se manteve lá sozinho, foi a Ana que lhe fazia companhia, depois das horas laborais, pois ela ficava lá, o apoiava, ela merecia uma compensação, uma recompensa por esse tempo.
Depois de ter tido o bebé, a senhora mudou completamente. Ela estava a exigir ao meu irmão que fizesse o pedido à família dela. O meu irmão não fez apresentação alguma e disse que não era o combinado e que ela não era sua mulher, o meu irmão considerava-lhe uma amiga, uma funcionária que se envolveu com ele.
Família de Teta Lágrimas quer gerir herança do filho de Ana
Todos nós temos uma certa aversão em falar sobre a morte e isso, frequentemente, quer por razões de ordem cultural, folclórica e até mesmo psicológica, leva a algum desconforto à abordagem entre as pessoas da mesma família de uma eventual necessidade de se fazer testamento.
Não raras vezes, essas atitudes despertam um sentimento de mau agouro ou de atração de azar, não sendo bem visto pelos pais e tão pouco pelos filhos ou outros familiares que, também, quase invariavelmente, têm ojeriza pelo assunto.
Teta Lágrimas, não tendo deixado testamento, o seu irmão gêmeo reconhece o filho de Ana Filipa Mendes como herdeiro do músico, entretanto, com especificidades que a mãe se nega a digerir. “O filho que têm ambos foi reconhecido pelo meu irmão, é meu sobrinho e tem direitos iguais às outras três herdeiras, mais velhas.
O Crime — A senhora Ana Filipa diz que na herança devida ao filho, a vossa família também quer abocanhar…
Tony Lágrimas — Não! Quer dizer, escute. A criança tem dois anos, três por fazer, e a Ana apenas tem 30/32 anos de idade e, se ainda não tem, de certeza que, em pouco tempo, arranja um marido, outra família. Ora, nós queremos, conforme a lei estipular aquilo que couber ao meu sobrinho, que se gira de forma cautelosa. Se for entregue agora à Ana, pode acabar em menos de 2 anos e depois? Nós é que vamos assumir o nosso sobrinho, quando o pai dele deixou o suficiente… Nós queremos que, de forma sensata, a justiça defina como será gerida a parte do Júnior.
O Crime — Seria a Justiça a definir isso, não?
Tony Lágrimas — Claro! Se a Justiça achar que a parte do Júnior tem que ser entregue à mãe, a justiça definiu. Mas eu acho que não! Porque a Ana é uma moça, é uma miúda. Agora, cabe à Justiça definir essa parte.
O Crime — Se há o entendimento que se deve deixar a justiça resolver, porque será que estarão a tentar despejar a senhora Ana, colocar cadeados e exigir documentos?
Tony Lágrimas — Isso é mentira, é completamente falso! O que acontece é que ela queria ficar com a família dela no hotel e nós explicamos que o hotel nunca foi residência. Há uma casa, a casa em que o meu irmão vivia, essa ela podia ocupar, tendo em conta que o Júnior é herdeiro e não pode ficar na rua. Então pedimos que ela fosse para aquela casa, pedimos-lhe que nos sentássemos e resolvêssemos a coisa amigavelmente, com entendimento. Mas ela meteu advogados, meteu tudo… Então, o irmão, a família dela entravam no hotel com carros…não, não, não…. Isso era inadmissível!
Por isso, as minhas sobrinhas decidiram fechar o portão grande para a entrada de viaturas e deixar aberto o portão pequeno, para deixá-la entrar e sair conforme ela quisesse. Mas aquelas entradas e saídas de viaturas no Hotel eram inadmissíveis. Que a gente lhe queira tirar de casa, não! De princípio, foi a gente que a colocou lá em casa, como agora havíamos de querer tirá-la?! Isso é o que agora os tais advogados que ela foi arranjar, sei lá o que lhe meteram na cabeça, que agora ela vem com estas fantasias todas. Mas, a Justiça saberá ver a verdade!
Ana Filipa Mendes pede ajuda às autoridades
Ana fundamenta que as filha de Teta Lágrimas, na prática, o haviam abandonado à sorte, mesmo sabendo que padecia de terrível depressão. Diz, também, que como mulher sempre acompanhou e viveu às agonias do marido. “Elas estavam muito agressivas, particularmente a Letícia, que dizia que levaria a Polícia a arrombar a porta para retirar os documentos. Chegou uma altura que me enchi de medo do que me poderiam fazer de mal. A situação se tornou tão violenta que eu já não consegui ficar aí. Estava com medo, porque era uma invasão que não me deixava à vontade”.
O Crime — Sendo assim, o que quer com essa entrevista?
Ana Filipa Mendes — Quero chamar a atenção à sociedade ao meu problema, porque começo a sentir-me impotente. Suas ameaças de todo o tipo e acompanhada de polícias que a resguardam, porque diz que é mulher de comandante da Polícia, preocupam-me muito.
Peço ajuda, porque me sinto insegura. De tanta violência que a Letícia demonstra, temo que me assaltem, entrem em minha casa e simulem qualquer coisa, quando na verdade é tudo protagonizado por ela, pela Letícia.