REJEIÇÕES DAS EXONERAÇÕES NO MININT: OS MAUS DA FITA
Tenho sido apelidado de um bajú ao serviço do MININT por manifestar a minha opinião que muitas vezes se posiciona a favor da situação, mas tenho que vos dizer que isto não vai atrapalhar nem mudar o meu ponto de vista enquanto cidadão e, por isto, aqui fica mais um.
*Chivangulula Fonseca*
De falta de patriotismo, sentido de estado, profissionalismo já vimos e tivemos muitos e em momentos diferentes da nossa história, mesmo quando o soar dos canhões era o pão nosso de cada.
Ser nomeado para ocupar um cargo público é regozijante, porque passa a ser o reconhecimento do nosso “CHA” (competências, habilidades e atitudes), bem como o saber ser, estar e fazer enquanto requisitos fundamentais na avaliação que se faz no processo antecedente a nomeação, isto por um lado.
Por outro lado, quem se beneficia de uma nomeação para exercer funções públicas deve saber que a avaliação que se faz antes deve ser feita durante as funções, ou seja, deve ser avaliado durante os anos ou meses que exercer as suas actividades, sendo certo que, o resultado pode ser diferente em função do desempenho e estes podem ser positivos ou negativos.
No final, caberá a entidade que promoveu a nomeação a manter na sua equipa ou promover a exoneração.
Esta é uma realidade, uma verdade que qualquer agente público, funcionário do Estado deve ter presente. É isto que me parece faltar aos efectivos do Serviço de Migração e Estrangeiros para ser mais concreto, que ao verem a ordem de exoneração, por parte do ministro do Interior nada mais fizeram senão ir à praça pública, com a raivosa carta aberta dirigida a entidades máximas do país para expor situações que, tristemente só constataram no dia da exoneração.
Os jovens do SME exonerados deveriam penitenciar-se, ir a casa, beber um bom vinho, já que saíram dos lugares com alguma estabilidade financeira resultante das “chambetas”, reflectir para ver o que fizeram mal e se projectar para melhores momentos futuros, pois, a exoneração não é nenhuma pena nem mesmo castigo na função pública.
A atitude de ir à rua reclamar injustiças, falar um amontoado de inverdades, mostrando que o ministro só nomeia familiares não convence a ninguém, mesmo que seja visto por fora, como é o meu caso, porque o número de nomeados e promovidos no ministério é superior a família de qualquer angolano. Ninguém tem cinquenta mil familiares nem amigos. Logo, é uma táctica de lamúrias que revelam que os jovens não estão e nunca estiveram comprometidos com a causa.
Estavam na sombra da mulembeira, acomodados com as contrapartidas resultantes das más práticas de “chambeta” que tinham por prática reter passaportes, cartões de residência e vistos a inocentes cidadãos.
Isto todos sabemos e conhecemos as pessoas. É neste ponto de vista que acho que o Director Geral do SME e o ministro Laborinho para além de exonerarem deveriam promover processos disciplinares e criminais contra alguns dos exonerados para que diante dos instrutores percebessem que o órgão tinham noção da forma arrogante, escusada e vergonhosa como tratavam as pessoas e os esquemas montados para benefício próprio. Ainda vão a tempo.
É preciso responsabilizar disciplinar e criminalmente os “chambeteiros de costume”. Hajam como se faz na polícia. Expulsem e em hasta pública como fazem na Polícia. Estes “meninos bonitos” precisam e os cidadãos precisam saber quem são. Pelo menos não estariam nas ruas, nos corredores das escolas e universidades a espalhar boatos, invenções que não fazem sentido.
O SME não pode parar por causa de uma meia dúzia de xicos espertos. São muitos para terem a todos como corruptos por causa de um pequeno grupo que pensa enriquecer de um dia para o outro.
Há gente honesta no SME que não pode ser confundida com oportunistas sem noção das coisas.
O SME não pode parar. As dinâmicas que cada responsável entenda imprimir no seu sector não podem depender de uns “meninos” que assustam com o poder e esquecem respeitar até superiores hierárquicos, como estávamos habituados a ouvir.
Devemos encorajar o ministro e outros responsáveis a retirarem do caminho todos aqueles que não corresponderem com as exigências do processo de combate à corrupção, nepotismo e que não se assumirem como verdadeiros servidores públicos. É preciso fazer isto em todos os organismos do órgão.
Retirem do SME os que querem sempre contrapartidas na emissão e entrega de documentos essenciais na vida das pessoas.
Retirem da Polícia de trânsito todos que para entregar uma carta de condução, um livrete ou outro documento qualquer o cidadão tem de esperar três meses, cansar-se e depois pagar alguma coisa. Retirem das cadeias efectivos que para deixar entrar na cadeia comida, roupa tem de cobrar dinheiro dos familiares do prezo. Retirem quem privilegia presos em troca de “chambetas”.
Retirem do SIC instrutores ou investigadores que inventam crimes, processos para ter contrapartidas.
Retirem dos Bombeiros efectivos que fecham o olho na hora da inspecção para receber tostões. Prossigam com este trabalho.
Combate à corrupção é tarefa de todos. Do grande ao pequeno gesto. Não importa se recebe mil ou milhões. Corrupção é corrupção e deve ser combatida.
Não liguem os que se recusarem a aceitar que viver desonestamente não deve ser regra. Nós andamos neste país e conhecemos estas coisas.
Tenho dito e espero ter ajudado a despertar os dirigentes a olharem para esta carta do efectivo do SME como algo inaceitável no seio de forças e serviços que deveriam ter cultura castrense.