Procura-se assassinos: CIDADÃO MORTO NA FRESCANGOL TRANSPORTAVA MAIS DE CINCO MILHÕES DE KWANZAS

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Um caso que leva a crer que não terminará com o desejo de justiça pedido pelos familiares da vítima … se não, por que, apenas, um réu, que congrega várias dúvidas de que fez parte do crime, está em julgamento? Por que o agente do SIC, encarregado da investigação, insiste em não aparecer, para esclarecer o tribunal e a família sobre o paradeiro dos restantes três, assim como da quantia que o defunto levava em sua carrinha?

Por: Liberato Furtado

O julgamento foi remarcado para o dia 04 de Dezembro e foram notificados a comparecer três oficiais dos Serviços de Investigação Criminal. Deles, dois se fizeram presentes e, desde logo, negaram qualquer conhecimento sobre a detenção do réu que se apresenta em tribunal.

Instados sobre os demais que se cobra a presença no banco dos réus, para os investigadores suou a mandarim e alegam que o assunto faz parte de águas turvas onde não navegam, passe o termo.

O investigador do SIC, identificado por Toledo, muitas vezes evocado na primeira sessão, não se fez presente, mesmo ante a chamada telefónica do juiz da causa, Domingos Fulevo, no decorrer da última sessão, cobrando a presença daquele.

Ficou aprazada a continuidade da audiência para o dia 11 de Dezembro 2020, pois, desta nada transpirou, mas ficou a garantia dada por Toledo de que se fará presente.

Com isso, cresce a expectativa em torno do assunto que, a olhos de ver, se começa a desenhar um desfecho totalmente avesso ao esperado pela família do malogrado.

Não obstante as incongruências no depoimento do único réu em tribunal e a arma apreendida pelo SIC em sua casa, a produção de provas em julgamento está a levar a um rumo que ameaça toda a credibilidade depositada à investigação criminal, para um termo a contento dos interesses da família, da sociedade e, como não podia deixar de ser, da justiça.

A continuar ao ritmo do que se produz como prova em tribunal, o réu poderá voltar à liberdade, no mínimo, por observância do fundamental princípio do direito penal em que se estabelece o in dúbio pro réu, consubstanciado na convicção de que a dúvida beneficia o réu.

Não estranhará que, ainda, no decurso do julgamento, o Ministério Público peça a soltura do réu, por excesso de prisão preventiva, diante das dúvidas que se adensam por cada sessão de julgamento.

Resta a esperança de que Toledo, o oficial do SIC, leve, à próxima sessão, subsídios idóneos para alicerçar o conteúdo daquela acusação, tendo em linha de conta que se está à beira de se colocar a nu, uma vez mais, uma instrução processual desprovida dos condimentos de um prato a se colocar à mesa do tribunal.

Os contornos estão a levar com que alguns interessados no bom termo desse julgamento cogitem a hipótese de este caso ser mais um daqueles que se empurra com a barriga ao tribunal, fazendo as estatísticas de caso resolvido, quando, na mais sublime verdade, se terá empurrado o lixo por baixo do mais reles tapete.

Há quem, ainda, começa a calcorrear o caminho em que os suspeitos teriam sido apanhados, no entanto, apagados, porque uma boa quantia em dinheiro com eles encontrada e o crime por aqueles cometido justificaria o meio… Já diz o adágio, “ pelo andar da carruagem, vê-se quem vai dentro dela”.

João Gonçalves, filho do malogrado, ao estandarte da família, afixa o chavão em que se diz que a justiça seja feita. Porém, a exemplo dos demais que acompanham esse julgamento, está preocupado com o rumo dos acontecimentos.

“Que a justiça seja feita! Mas aqui está a acontecer alguns contratempos, onde alguns declarantes não se querem apresentar em tribunal, para deporem e não sei porquê! Talvez estejam a esconder algumas verdades, mas ninguém consegue afirmar com propriedade. Disseram que eram quatro e aqui, no tribunal, só vemos um e os demais três não há meio de se justificar o paradeiro”, esgrimiu.

A família se comprometeu, desde os primeiros instante, a ajudar nas diligências investigativas, segundo declarações dos mesmos em tribunal, e mantém a predisposição.

Entretanto, João Gonçalves diz acreditar que o réu presente em tribunal faz parte da quadrilha que matou o seu pai. “Sim, o SIC disse e o tribunal também fez menção que a arma apreendida terá sido a que foi usada para matar o meu pai, além do mesmo fazer parte do grupo de marginais que fez o assalto. Isso torna robusta a certeza de que o mesmo seja um dos integrantes”, fez saber.

O CRIME- No dia do assalto e consequente assassinato, o seu pai levava dinheiro?

João Gonçalves- Sim, ele transportava dinheiro, porque era sócio de alguns estrangeiros, com os quais fazia a importação de produtos em plástico. Ele, como angolano, é que manuseava o dinheiro nacional nos bancos, de modo a fazer o pagamento dos produtos a importar. No entanto, naquele dia, o dinheiro estava em mãos e ele me havia dito que eram mais de cinco milhões de kwanzas. Eu trabalhava, habitualmente, com ele, mas naquela semana não trabalhei, por estar adoentado.

O CRIME- Até agora não se recuperou o dinheiro…?

João Gonçalves- Não! Isso está, igualmente, a nos deixar desconfortáveis. Quem sabe a investigação criminal já não quer aparecer por esse mesmo motivo?… Quem sabe eles sabem de algo mais a respeito e não querem… falar mais alguma coisa?

Lembramos que o crime aconteceu na tarde de uma quarta-feira, dia 21 de Agosto de 2019, no município do Cazenga (Frescangol), quando, quatro elementos armados, transportados por duas motorizadas, consumaram um assalto a uma carinha e, a sangue frio, é morto Elias Fonseca Gonçalves.

O julgamento teve início no dia 30 de Outubro, no Tribunal Provincial de Luanda, com apenas um réu e a família, incrédula, sob pranto, interroga o tribunal sobre o paradeiro dos três outros implicados.

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